Oeste assume protagonismo na política e na economia
Krelling assume interinamente a presidência da Alesc; MP quer regras mais rígidas para ciclomotores.

Durante décadas relegado à margem das decisões estaduais, o Oeste de Santa Catarina se consolida hoje como uma das regiões mais vibrantes e influentes do estado – tanto na economia quanto na política. A posse do empresário Gilberto Seleme, de Caçador, como presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), além da expressiva presença de lideranças oestinas entre os homenageados com o Mérito Industrial Catarinense e o Mérito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), são provas incontestáveis desta virada histórica.
O evento da Fiesc, realizado na sede da entidade, reuniu uma legião de empresários e lideranças da região. Foi uma celebração que foi além das conquistas individuais: tornou-se um reconhecimento coletivo ao vigor econômico do Oeste.
Entre os premiados, nomes que simbolizam a força empreendedora da região: Roberto Zagonel (Zagonel, Pinhalzinho), Claudimar Bortolin (Torfresma Industrial, São Miguel do Oeste), Günter Knolseisen (Automatic Electric, Luzerna) e Mirian Maria Bonissoni Giombelli Canfield (Grupo Ipumirim, Ipumirim). Neivor Canton, presidente da Aurora, recebeu a maior honraria da indústria nacional: Mérito Industrial da CNI.
Presidente da Aurora foi homenageado no evento da Fiesc (Foto: José Somensi)
De território marcado por disputas e isolamento no tempo do Contestado, o Oeste passou a ser a terceira região mais importante economicamente de Santa Catarina. A taxa de desemprego é a menor do estado: 1,6%. Segundo dados do IBGE (2021), o PIB da região é de R$71,6 bilhões, o que representa 16,7% da economia estadual.
O que antes eram pequenas propriedades voltadas à subsistência, hoje formam o coração da produção agroindustrial do estado. Setenta por cento das exportações do agro catarinense têm origem no Oeste, com destaque para grandes plantas frigoríficas e cooperativas. A indústria regional, em expansão há pelo menos uma década, cresceu cerca de 30% nos últimos dez anos, refletindo em indicadores sociais positivos: o IDH da região é alto (acima de 0,80), e o índice de Gini – que mede a desigualdade – está entre os melhores do estado.
A diversificação econômica é o novo retrato do Oeste. Madeira, metalmecânico e serviços passaram a ocupar espaço relevante na economia local, ao lado da agroindústria. Mas o desafio persiste: a infraestrutura ainda é o maior gargalo para o crescimento sustentado. Falta pavimentação de qualidade nas estradas e projetos estruturantes que deem conta do escoamento da produção e da mobilidade da população.
Força política consolidada
No campo político, o Oeste também reforça seu espaço. As eleições de 2026 devem ter dois candidatos ao governo nascidos na região: o atual governador Jorginho Mello (PL), de Ibicaré, com trajetória em Joaçaba, e João Rodrigues (PSD), que construiu sua carreira entre Pinhalzinho e Chapecó.
Na Assembleia Legislativa, a bancada oestina é uma das mais atuantes e demonstra capacidade de articulação suprapartidária. Atualmente, é formada por Marcos Vieira (PSDB), Mauro de Nadal (MDB), Altair Silva (PP), Fabiano da Luz (PT), Padre Pedro Baldissera (PT), Luciane Carminatti (PT), Neodi Sareta (PT) e Jair Miotto (UB). Embora menor em número do que a do Vale do Itajaí, essa representação se destaca por iniciativas próprias, como a criação de bancadas regionais e a defesa conjunta de pautas estruturais.
Krelling assume interinamente a presidência da Alesc
Com a licença do presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, deputado Júlio Garcia (PSD), quem assume o comando da Casa nesta semana é o deputado Fernando Krelling (MDB), de Joinville. Garcia está de licença para tratar de assuntos particulares e retorna ao posto na próxima sexta-feira (4).
Desde o dia 13 de junho, a presidência interina vinha sendo ocupada pelo segundo vice-presidente, Pedro Baldissera (PT). Agora, Krelling entra no revezamento temporário de comando da Alesc após acompanhar o governador Jorginho Mello (PL) em missão oficial à Ásia, com passagens estratégicas por China e Japão. O gesto reforça o prestígio político do parlamentar, além de aumentar sua visibilidade dentro da própria Alesc.
Pedido de impeachment
Na última sexta-feira (27), o vereador petista Jean Volpato, de Blumenau, protocolou na Alesc um pedido de impeachment contra o governador Jorginho Mello (PL). A justificativa: “acusações gravíssimas” ligadas ao programa Universidade Gratuita.
No entanto, a iniciativa tem mais tom de estratégia pessoal do que de sustentação jurídica concreta. Volpato, ao que parece, busca ganho de visibilidade política, em um momento em que a base do governador é sólida na Assembleia e não há clima institucional para um movimento dessa magnitude.
Curiosamente, o vereador ignora o próprio telhado de vidro: o governo federal, do qual seu partido faz parte, enfrenta uma crise de grandes proporções envolvendo o INSS – um rombo bilionário que deverá ser ressarcido aos aposentados por toda população após fraudes comprovadas.
Vereador protocolou um pedido de impeachment contra Jorginho Mello (Foto: Reprodução/Internet)
Ciclomotores: popularização sem controle preocupa o Ministério Público
De solução prática à insegurança sobre duas rodas. A popularização acelerada dos ciclomotores elétricos – bicicletas motorizadas, scooters e triciclos – acende um alerta entre autoridades de trânsito e o Ministério Público de Santa Catarina. O problema central: falta de regulamentação efetiva, fiscalização e preparo dos condutores, muitos deles adolescentes ou até crianças.
A Resolução Contran 996/2023, em vigor, traz exigências mínimas, mas ainda é pouco conhecida da população. As regras determinam o uso de capacete motociclístico, equipamentos obrigatórios de segurança e, principalmente, a necessidade de habilitação específica: seja via Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) ou Carteira Nacional de Habilitação na categoria A.
Em Blumenau, o Ministério Público está à frente de uma recomendação que pede o registro, licenciamento e controle mais rígido desses veículos. O objetivo é claro: impedir que ciclomotores transitem em vias rápidas ou sobre calçadas, e garantir o cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro.
O cenário atual revela lacunas de infraestrutura e legislação, enquanto ruas e avenidas se tornam cada vez mais perigosas para todos os usuários. A fiscalização, assim como a conscientização pública, precisa acompanhar o avanço tecnológico – sob risco de o que era para facilitar a mobilidade se transformar em fator de insegurança generalizada.