Sem Moral, sem Rumo: CBF segue com as cartadas dos cartolas
A queda de Ednaldo Rodrigues escancara a incoerência dos dirigentes

O afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF escancara, mais uma vez, que o futebol brasileiro é comandado por um verdadeiro circo. Um espetáculo deprimente onde os palhaços não estão no picadeiro, mas nos bastidores da entidade e das federações que deveriam zelar pelo maior patrimônio esportivo do país.
Horas após a Justiça determinar o desligamento de Ednaldo, 19 presidentes de federações estaduais correram para assinar um manifesto defendendo a “renovação do futebol brasileiro”. Ironia pura. São os mesmos que elegeram Ednaldo, rejeitando qualquer alternativa — inclusive Ronaldo Fenômeno, que sequer conseguiu o apoio de um único estado para viabilizar sua candidatura. Renovação? Isso soa mais como rearranjo de cadeiras no teatro da hipocrisia.
Agora, com Fernando Sarney assumindo interinamente o comando da CBF, novas eleições devem ser convocadas. Mas alguém realmente acredita em mudanças estruturais com os mesmos personagens em cena?
Ednaldo, ciente de sua queda iminente, tentou cravar seu legado ao anunciar antecipadamente Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção. Uma manobra claramente estratégica, que contrariou acordos prévios para esperar o fim da temporada europeia. Quis sair de cena sob aplausos — pelo menos os seus próprios.
Ednaldo Rodrigues ficou à frente da CBF desde 2021 (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
Enquanto isso, a distância entre a torcida e a CBF só aumenta. Não sabemos o que acontece nos corredores da entidade, mas há algo podre por trás do número de presidentes que acabam afastados ou acusados de atos ilícitos. Isso deveria ser objeto de repúdio e investigação constante, mas parece ser encarado como parte do jogo.
É vergonhoso que o país do futebol continue sendo administrado por quem trata o esporte como um balcão de negócios. E o torcedor? Esse continua pagando o preço. Ainda acreditando que um dia voltaremos a ser referência, mas sendo tratado como fantoche em uma engrenagem movida a interesses pessoais.
Volto a dizer: o futebol virou negócio para empresários e dirigentes. Os apaixonados, esses sim, continuam acreditando. Mas enquanto os “grandões” não colocarem o bem do futebol acima do próprio ego, nada vai mudar. O futebol brasileiro, dentro e fora de campo, segue como uma promessa adiada.