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O futebol à venda: quando a paixão do brasileiro virou negócio

Salários milionários, corrupção e a perda da essência explicam por que o futebol brasileiro se afasta de suas raízes

09/05/2025, 17:43
Atualizado há 2 dias
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Por Felipe Eduardo
O futebol foi do amor para o mais puro interesse (Foto: Reprodução/Internet)O futebol foi do amor para o mais puro interesse (Foto: Reprodução/Internet)

O futebol, que já foi símbolo de paixão, identidade cultural e entretenimento popular, virou um gigantesco negócio financeiro. Hoje, o que mais se ouve nos bastidores do esporte não são histórias de superação ou magia dentro de campo, mas sim cifras astronômicas, corrupção e escândalos.

Os salários pagos a jogadores atingiram patamares inimagináveis há poucos anos. Qualquer jogador minimamente promissor já tem seu valor inflacionado, muitas vezes recebendo mais do que seu desempenho justificaria. Para piorar, surgem denúncias envolvendo atletas e dirigentes em esquemas de apostas, sempre buscando aquele “dinheiro extra” fora das quatro linhas.

As SAFs, que chegaram ao futebol brasileiro como promessa de modernização, muitas vezes parecem mais preocupadas em rasgar dinheiro do que em construir projetos sólidos.

Os patrocinadores seguem sendo influência em convocações para a seleção, tornando a relação entre campo e bastidores cada vez mais turva. O torcedor já não sabe mais se quem está vestindo a camisa foi escolhido pelo talento ou por interesses comerciais. Nem preciso falar sobre a presidência da CBF, que só vai ladeira abaixo.

Folha salarial

A realidade dos clubes brasileiros escancara esse cenário. No Internacional, por exemplo, cerca de R$3 milhões mensais são gastos apenas com Enner Valencia e Rafael Borré. Hoje, ambos estão lesionados, e o time se vê sem alternativas de qualidade no elenco. Por que investir tanto em apenas dois jogadores, sem um plano B à altura?

Do outro lado do Rio Grande do Sul, o Grêmio ostenta uma folha salarial de aproximadamente R$17 milhões por mês, mas o que entrega em campo é um futebol sofrível, muito aquém do que se espera de um clube desse porte.

O futebol brasileiro, que já foi conhecido por sua alegria, seus dribles desconcertantes, seus camisas 10 geniais e grandes craques em todas as posições, agora sofre com a escassez de talentos. Os clubes procuram soluções fora do país e quem se forma aqui é vendido ainda antes dos 18 anos.

O futebol engessado, na tentativa de copiar os europeus, perdeu o gingado que encantava o mundo. O reflexo disso está claro: desde 2002, a seleção brasileira acumula vexames em Copas do Mundo e os times do país apanham no Mundial, não fazendo frente para times africanos, imagine, então, diante dos europeus.

O futebol brasileiro precisa reencontrar sua essência, antes que se transforme apenas em mais uma planilha de Excel entre empresários e investidores.

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