
A abertura dos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) transcendeu o espetáculo esportivo. Transformou-se num palco político cuidadosamente montado pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), que, como pré-candidato ao Governo do Estado, aproveitou diante das delegações de 147 municípios e da imprensa estadual uma vitrine estratégica para reforçar a narrativa que constrói sobre si: a de gestor eficiente, moderno e capaz de conduzir Santa Catarina.
O cerimonial, inspirado na simbologia da fênix, foi produzido para emocionar — e conseguiu. A apresentação mais impactante veio com o vídeo criado por Inteligência Artificial, em que o goleiro Danilo, vítima do acidente aéreo da Chapecoense, “dialoga” com o filho Lorenzo, ao lado do zagueiro Neto. Uma escolha estética e narrativa que ampliou o alcance emocional do evento e reforçou a marca de uma gestão alinhada à tecnologia e à memória afetiva da cidade.
Mas o silêncio que mais chamou atenção foi o do Governo do Estado. A ausência de Jorginho Mello (PL) — representado apenas pelo presidente da Fesporte, Jefferson Batista — não passou despercebida. O governador preferiu estar na abertura do Congresso da ACATS, em Balneário Camboriú. Aos olhos do público e da classe política, a opção soou menos como conflito de agenda e mais como cálculo eleitoral.
(Foto: Leandro Schmidt)Jorginho evitou, provavelmente de maneira deliberada, dividir o palco com João Rodrigues — hoje seu principal adversário na corrida pelo governo catarinense. Evitou cenas de cordialidade forçada, perguntas da imprensa e, sobretudo, a necessidade de elogiar a organização do evento, o que, inevitavelmente, reverberaria como reconhecimento à gestão de Rodrigues.
A estratégia funcionou para ambos:
Nos próximos dias, a expectativa é sobre se o governador aparecerá no encerramento para prestigiar as delegações. Caso vá, será por necessidade institucional. Caso não vá, reforçará ainda mais o afastamento político que marcou a abertura.