Aliança Láctea propõem alternativas para crise no leite
É preciso despolitizar a discussão e encontrar travas legais para regular a importação desenfreada do produto no Brasil
A chia é grande entre os produtores de leite de Santa Catarina. A paciência, inclusive, com nossos representantes políticos está pequena, por parte de alguns agricultores. Não incomum recebo sugestões e áudios por meio do WhatsApp para “fazer alguma coisa”, “mexer com algum deputado ou com o próprio governador” para barrar a importação de leite do Uruguai e da Argentina.
Nesta quarta-feira (08), a Aliança Láctea Sul Brasileira, uma união de representantes de produtores de leite, Secretarias Estaduais de Agricultura e outras lideranças do agronegócio, esteve reunida em Castro – PR para discutir a importação do produto que afeta o mercado interno do leite. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participou e ouviu os reclames e sugestões para a situação que é muito mais complexa do que, simplesmente, mudar o Acordo do Mercosul, criado em 1994.
É fato, as importações consistentes de leite da Argentina e do Uruguai, com suspeita de triangulação, tem em momentos chegado a 10% do total do volume consumido no Brasil. Um verdadeiro absurdo! Entretanto, ressalta-se que essa entrada de produtos lácteos dos países sempre aconteceu, mas num volume menor, cerca de 2% a 3%. Há cerca de um ano houve essa explosão. Primeiro, pelo custo de produção interno ter se elevado e, segundo, a Balança Comercial do Brasil com esses países ser superavitária. O leite é um dos poucos produtos que uruguaios e argentinos teriam para ofertar com preços competitivos.
O Governo Federal, como antecipei aqui, anunciou a compra de R$100 milhões em leite para abastecer os programas sociais. É um aceno interessante, mas não resolve. Como sugestão, os presentes na reunião da Aliança Láctea e o presidente do Sindileite, Selvino Giesel, propõem algumas ações que podem ajudar a regular esse mercado. Será impossível criar uma barreira com o Mercosul como no discurso simplista se comenta.
Uma ação seria aumentar o rigor na análise nas Guias de Importação. Outra discussão interessante seria fazer o que a Europa e outros mercados já fazem com o Brasil no segmento das carnes, por exemplo: equiparar as legislações trabalhista e ambiental. Na prática, é fazer com os importadores tenham situações de produção iguais aos dos produtores no mercado interno. É justo! Além disso, se o setor automotivo recebeu subsídio, por que os produtores de leite não merecem?!
Pelo viés do consumo
Com essa importação desenfreada de produtos lácteos no Brasil, o consumidor tem percebido uma diminuição no preço do leite, especialmente o UHT. A inflação dos alimentos também cedeu. Entretanto, neste caso, há uma dificuldade em manter os ofertantes na atividade. O problema é: quando o preço internacional não estiver mais competitivo e as agroindústrias e produtores locais estiverem desorganizados, economicamente, a situação para o consumo será muito pior. É como voo de galinha!