Argentina concede novo incentivo de US$ 5 milhões para produtores de leite
Na última semana, produtores do Oeste fizeram mobilização em Chapecó para pedir ajuda e não parar com a atividade
Enquanto os produtores do Brasil aguardam por medidas de auxílio mais consistentes para amenizar a crise do leite, o Governo da Argentina fez nesta segunda (18) o primeiro pagamento do programa Tambero 2 que creditará na conta de mais de 4.751 criadores de vacas até US$ 800 mil. Como o próprio nome sugere é a segunda grande intervenção no mercado local do governo argentino. Por ora, no Brasil, o presidente Lula (PT) anunciou a compra de R$ 200 milhões em leite para abastecer programas sociais. É uma ação importante, porém pouco significativa para melhorar as condições dos mais de um milhão de propriedades rurais que tem renda na atividade.
Ao todo, os argentinos receberão quase US$ 6 milhões, beneficiando produtores de até sete mil litros de leite por dia, com uma contribuição do governo vizinho de US$ 15 a US$ 20 por litro de leite, conforme a produção. Na prática, ficará ainda mais interessante para as indústrias brasileiras importarem o produto, derrubando o preço no mercado interno., aumentando a crise do setor nacional.
Como já aqui escrito, não é solução quebrar o acordo com o Mercosul, barrando deliberadamente a entrada de lácteos da Argentina e Uruguai. Vejo duas saídas. A primeira criar barreiras técnicas que equiparem as condições de produção com as nacionais, tanto no viés da qualidade quanto nas questões socioeconômicas. A segunda – e mais rápida – é criar incentivo, temporário, ao produtor brasileiro, à exemplo da Argentina e Uruguai.
Manifesto em Chapecó
Na última sexta-feira (15), produtores do oeste catarinense foram convocadas por secretarias municipais de agricultura e entidades ligadas ao agronegócio para, pacificamente, apresentarem á sociedade e governo o caos que vive a atividade. Hoje, o produtor brasileiro tem prejuízo a cada litro de leite produzido.
Em depoimento, vários agricultores relataram reduzir o plantel, diminuir na alimentação e, até mesmo, pensam em sair da atividade. Santa Catarina nos anos 90 possuía mais de 90 mil produtores de leite e hoje são menos de 20 mil.