Rádio Centro Oeste

Compra de leite em pó pelo Governo Federal será muito insuficiente para compensar importação desenfreada

Deputado Rafael Pezenti (MDB) critica acordo do Mercosul que prejudica produtor catarinense

07/08/2023, 20:26
Atualizado há quase 2 anos
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Por Fabiano Rambo
Leite em pó (Foto: Ivan Carlos de Paula/DALL-E)Leite em pó (Foto: Ivan Carlos de Paula/DALL-E)

A fim de diminuir a oferta de leite no mercado interno, irrigado principalmente pela importação desenfreada do produto no Brasil, o Governo Federal deve anunciar esta semana a compra de R$ 100 milhões em leite em pó para abastecer os programas sociais. A informação é do deputado federal Rafael Pezenti (MDB) que estevem em visita a Pinhalzinho neste fim de semana. O parlamentar, em entrevista para Rádio Centro Oeste teceu várias críticas ao Mercosul, o qual considera “uma porcaria”, pela sua atuação.

O produtor catarinense padece com a atual política do leite. Dados da Epafri/Cepa, apresentam um aumento de 180% nas importações de produtos lácteos da Argentina e do Uruguai nestes seis primeiros meses do ano, quando comparados ao mesmo período do ano passado. Como efeito, houve desequilíbrio no mercado e dificuldades para o produtor nacional. Em julho, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses foi de R$ 2,50 o litro e, pela primeira vez no ano, foi inferior ao recebido no mesmo mês do ano passado, quando o preço médio ficou em R$ 3,04 por litro

Pezenti argumenta que Santa Catarina perdeu cerca de 1/3 de todos os produtores de leite. Sobre o valor (R$100 milhões), o parlamentar considera válida a ajuda, porém pouca frente ao volume importado dos países vizinhos que totaliza cerca de R$ 5 bilhões. A triangulação também é uma preocupação. Há indícios de que o Uruguai ou mesmo a Argentina podem estar comprando leite de outros países, como Nova Zelandia e vendendo no Brasil. Um destes indicativos é exportação destes países ser muito próxima da produção nacional. O congressista quer mais fiscalização e questiona a sanidade do produto enviado ao mercado brasileiro.

Santa Catarina possui cerca de 23 mil produtores que abastecem as agroindústrias, localizadas especialmente na Região Oeste e Extremo-Oeste. Levantamento da Epagri/Cepa, mostra um aumento de 41% na bacia leiteira catarinense e R$ 7,9 bilhões em valor de produção. Não é algo para se desprezar. Entretanto, se não houver produtor, não haverá agroindústria e o sonho do Estado e da região em ser protagonista no cenário nacional do leite fica mais distante.

Mais um detalhe: além do Mercosul, outro acordo que pode trazer problemas para o mercado de leite brasileiro é o da União Europeia, há tempos discutido pelo país.

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