Compra de leite em pó pelo Governo Federal será muito insuficiente para compensar importação desenfreada
Deputado Rafael Pezenti (MDB) critica acordo do Mercosul que prejudica produtor catarinense
A fim de diminuir a oferta de leite no mercado interno, irrigado principalmente pela importação desenfreada do produto no Brasil, o Governo Federal deve anunciar esta semana a compra de R$ 100 milhões em leite em pó para abastecer os programas sociais. A informação é do deputado federal Rafael Pezenti (MDB) que estevem em visita a Pinhalzinho neste fim de semana. O parlamentar, em entrevista para Rádio Centro Oeste teceu várias críticas ao Mercosul, o qual considera “uma porcaria”, pela sua atuação.
O produtor catarinense padece com a atual política do leite. Dados da Epafri/Cepa, apresentam um aumento de 180% nas importações de produtos lácteos da Argentina e do Uruguai nestes seis primeiros meses do ano, quando comparados ao mesmo período do ano passado. Como efeito, houve desequilíbrio no mercado e dificuldades para o produtor nacional. Em julho, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses foi de R$ 2,50 o litro e, pela primeira vez no ano, foi inferior ao recebido no mesmo mês do ano passado, quando o preço médio ficou em R$ 3,04 por litro.
Pezenti argumenta que Santa Catarina perdeu cerca de 1/3 de todos os produtores de leite. Sobre o valor (R$100 milhões), o parlamentar considera válida a ajuda, porém pouca frente ao volume importado dos países vizinhos que totaliza cerca de R$ 5 bilhões. A triangulação também é uma preocupação. Há indícios de que o Uruguai ou mesmo a Argentina podem estar comprando leite de outros países, como Nova Zelandia e vendendo no Brasil. Um destes indicativos é exportação destes países ser muito próxima da produção nacional. O congressista quer mais fiscalização e questiona a sanidade do produto enviado ao mercado brasileiro.
Santa Catarina possui cerca de 23 mil produtores que abastecem as agroindústrias, localizadas especialmente na Região Oeste e Extremo-Oeste. Levantamento da Epagri/Cepa, mostra um aumento de 41% na bacia leiteira catarinense e R$ 7,9 bilhões em valor de produção. Não é algo para se desprezar. Entretanto, se não houver produtor, não haverá agroindústria e o sonho do Estado e da região em ser protagonista no cenário nacional do leite fica mais distante.
Mais um detalhe: além do Mercosul, outro acordo que pode trazer problemas para o mercado de leite brasileiro é o da União Europeia, há tempos discutido pelo país.