Crise no leite: ministro descarta barreiras ou taxas para Uruguai e Argentina
Na Expointer, Carlos Fávaro se reuniu com ministro uruguaio que solicitou mais agilidade nas alfandegas brasileiras para importação do produto
A crise no setor lácteo mantém em estado de apreensão os produtores brasileiros. Na última sexta-feira (01), a Assembleia Legislativa de Santa Catarina promoveu mais uma audiência pública. Desta vez, em São Miguel do Oeste, com a presença de lideranças do agronegócio e parlamentares. Notou-se a falta de deputados da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no encontro. Nos bastidores, algo criticado porque é o Governo Federal quem pode ajustar o cenário de importação desenfreada de leite da Argentina e Uruguai.
A audiência da Alesc foi considerada positiva, pela relevância do tema e capacidade de mobilização social que os parlamentares podem dispender. Entretanto, do ponto de vista imediato e prático, pouco os representantes catarinenses podem fazer, para além de requerer políticas públicas abrangentes para o setor.
O ministro da agricultura, Carlos Fávaro (PSD) esteve na Expointer, em Esteio, na quinta-feira passada (31) e cumpriu diversas agendas na exposição-feira. Dentre elas, participou de uma reunião com o seu colega ministro do Uruguai, Fernando Mattos. Em pauta, as dificuldades que o país vizinho tem enfrentado para a exportação de leite ao Brasil.
O encontro foi avaliado pela imprensa Uruguaia como “muito positivo” e que haverá “empenho do ministro Fávaro e sua equipe para que este tipo de obstáculo seja resolvido no curto prazo”. Será uma tragédia para o produtor brasileiro. Se a única barreira legal a ser utilizada, o critério de análise técnica, ser retirado, o mercado será inundado por leite dos países vizinhos. Fávaro já descartou qualquer tipo de sobretaxa a Argentina e Uruguai. O ministro ressaltou a Rádio Gaúcha que o presidente Lula determinou que não haja barreiras para o comércio de leite entre os países. Na prática, o produtor está a sós!
Por ora, o Governo Federal brasileiro anunciou a compra de leite R$200 milhões em produtos lácteos dos produtores nacionais, por meio da Conab. Porém, é um volume ainda muito aquém para regular o mercado e melhorar a condição do produtor.
O Governo Federal precisa ouvir o setor. Na base, o discutido é exatamente o contrário: criar barreiras técnicas e elevar o patamar de exigências para entrada de produtos lácteos da Argentina e Uruguai. Se algo consistente não for feito em breve não haverá produtor no Brasil e quem pagará a conta, no futuro, é o consumidor.