Fusão PSDB-Podemos: o que pensa a deputada Paulinha
Carlos Humberto e a ferida aberta no PL; Governo Jorginho comemora aprovação nas pesquisas; Carminatti terá audiência com secretária de Educação sobre Universidade Gratuita

A tão falada fusão entre PSDB e Podemos está, literalmente, por um fio. Apesar dos esforços da executiva tucana nacional para costurar uma composição sólida, o clima dentro do Podemos — especialmente em Santa Catarina — é de certo desânimo.
A deputada Paulinha, presidente estadual do Podemos, revelou à equipe da Rádio Centro Oeste que até mesmo o calendário conspira contra a união. “Ainda que exista vontade política, o tempo não ajuda”, disse ela, numa análise tranquila, mas realista. Paulinha reconhece o peso institucional do PSDB — mais tradicional, com regimento interno litúrgico — como um entrave à construção de uma fusão equilibrada.
Apesar de manter boas relações com os deputados tucanos Marcos Vieira e Vicente Caropreso, a deputada admite que houve distanciamento, especialmente após a convenção nacional do PSDB na semana passada, em que pontos importantes não foram acordados.
O recado de Paulinha é direto: “Se não der até daqui a pouco, melhor deixar pra depois”. Em outras palavras, para ela, a falta de tempo é o grande obstáculo para a união partidária em 2026.
Marcos Vieira segue otimista
Mesmo com o desânimo do Podemos, o deputado Marcos Vieira, presidente estadual e vice-presidente nacional do PSDB, continua confiante na possível fusão. Para ele, a união com outro partido é questão de sobrevivência política: os tucanos precisam ampliar alianças para manter representatividade.
Quando perguntado se comandaria esse processo em Santa Catarina, Vieira adotou o discurso do "soldado do partido": diz que está à disposição do projeto, seja qual for a missão.
Carlos Humberto e a ferida aberta no PL
Desde a eleição municipal de 2024, a relação entre o deputado Carlos Humberto e o ex-prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira — ambos do PL — está rompida. Agora, a nomeação de Fabrício para a Secretaria de Planejamento pelo governador Jorginho Mello foi a gota d’água.
Durante a Alesc Itinerante em São Miguel do Oeste, Carlos Humberto aproveitou para visitar o prefeito João Rodrigues (PSD) em Chapecó. No radar: articulações para 2026.
O gesto de Jorginho, ao prestigiar um desafeto do deputado com cargo de destaque, soa como provocação. Lembrando: na eleição municipal, a candidatura de Humberto foi preterida pelo próprio Jorginho. A resposta deve vir — e será contundente, ainda que não imediata. Tudo indica que o deputado está de saída do PL, com destino certo: o PSD de João Rodrigues e da prefeita Juliana Pavan, sua amiga pessoal.
Governo Jorginho comemora aprovação nas pesquisas
Levantamento recente do Grupo ND, realizado pelo Paraná Pesquisas com 1.545 pessoas em 57 cidades entre os dias 3 e 7 de junho, mostra que o governador Jorginho Mello tem 77% de aprovação — e apenas 18,2% de desaprovação.
A avaliação positiva pode ser atribuída a três pilares do governo: infraestrutura, educação e saúde. O programa Estrada Boa caiu no gosto dos catarinenses. Um estudo da Fiesc/Fetrancesc comprova a melhora nas estradas estaduais, o que dá munição ao discurso do governador.
Outro destaque é o Universidade Gratuita/Fumdesc, com mais de 41 mil estudantes já contemplados — reflexo do reforço no orçamento. Na saúde, o foco está nas cirurgias eletivas, embora a comunicação institucional não destaque esse eixo com a mesma ênfase.
Universidade Gratuita e Fumdesc precisam de ajustes urgentes
Apesar dos bons resultados, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) acendeu o alerta vermelho. Um relatório recente apontou irregularidades em mais de 18 mil bolsistas, ou cerca de 42% dos contemplados. O impacto estimado aos cofres públicos pode ultrapassar R$320 milhões.
O critério de renda é incompatível e precisa de ajuste. Um exemplo: uma família com três pessoas e renda de R$18 mil mensais, segundo as regras atuais, tem direito à bolsa. Mesmo com possibilidade real de arcar com mensalidades de R$ 1.500, ainda se encaixa no perfil do programa. Na medicina, esse teto dobra: R$32 mil. O conselheiro Gerson Sicca foi enfático nos dados e nas incoerências.
Audiência marcada: Carminatti e a secretária de Educação
A deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação da Alesc, terá audiência com a secretária Luciane Ceretta na próxima semana. A expectativa é que a secretária responda a todas as dúvidas sobre os programas de bolsas.
Carminatti tem feito críticas pontuais, mas também reconhece a importância do Universidade Gratuita/Fumdesc para ampliar o acesso ao ensino superior em Santa Catarina. Atualmente, menos de 20% da população brasileira possui graduação completa.
Mesmo antes de conhecer o relatório do TCE – por estar em São Miguel do Oeste na Alesc Itinerante -, a deputada já apontava inconsistências semelhantes às do conselheiro Gerson Sicca.