Indústria catarinense precisará qualificar 953 mil trabalhadores até 2027

Logística & Transporte liderará a demanda por trabalhadores 

21/10/2024, 20:09
Atualizado há cerca de 7 horas
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Por Fabiano Rambo
Santa Catarina possui 60 mil indústrias que são responsáveis por 27% do PIB (Foto: Filipe Scotti/Fiesc)Santa Catarina possui 60 mil indústrias que são responsáveis por 27% do PIB (Foto: Filipe Scotti/Fiesc)

O Mapa do Trabalho divulgado nesta segunda-feira (21) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) traz um cenário extremamente positivo para o emprego, porém revela um cenário perturbador dada a realidade brasileira.

Santa Catarina, pelo estudo baseado em cálculos econométricos que levam em consideração aspectos econômicos e demográficos, apresenta a necessidade de capacitação e recapacitação de 953.403 trabalhadores até 2027. Deste total, 151.116 para ingresso no mercado laboral e 802.287 para permanência nele.

Em Santa Catarina, as áreas de formação que mais gerarão empregos até 2027 serão Logística & Transporte (com 281,5 mil trabalhadores), seguido por Operação Industrial (162,8 mil), Construção (122,7 mil), Metalmecânica (122,6 mil) e Têxtil & Vestuário (117,4 mil).

O maior crescimento entre 2024 e 2027 será observado em Manutenção e Reparação (com um aumento de 9%) e Tecnologia da Informação (com uma expansão de 7,4%).

Santa Catarina possui uma economia altamente diversificada e uma das menores taxas de desemprego do país (3,5%). A indústria é o maior gerado de empregador formal no Estado, com um estoque no mercado de trabalho superior a 800 mil pessoas, conforme dados do Caged (2024).

O Mapa do Trabalho também revela o potencial da indústria do Sul e Sudeste. Pela pesquisa, seriam necessários 468 mil novos trabalhadores e 2,5 milhões teriam de ser recapacitados para uso de novas tecnologias, com vistas à manutenção do emprego e da produtividade.

Santa Catarina possui 60 mil indústrias que são responsáveis por 27% do PIB.

Produtividade 

A produtividade, especialmente na indústria, tem se apresentado como um grande gargalo para competitividade nacional. Neste mês de outubro, a CNI voltou a informar um recuo de 0,3% na produtividade.

O professor Hélio Zylberstajn, da USP, tem alertado que a participação do trabalho na composição da renda não ultrapassa 40% no Brasil, enquanto em países desenvolvidos chega a 60%. O único caminho é a produtividade, com maior escolarização e capacitação. Não há fórmula mágica.

Recentemente, a Conference Board revelou que os brasileiros produzem o equivalente a 20 dólares por hora trabalhada, enquanto no vizinho Chile são gerados 34 dólares. Se a comparação for com um trabalhador americano, o cenário é ainda mais desafiador.

São necessários, em média, quatro brasileiros para chegar à produtividade de um cidadão dos Estados Unidos.

Demografia

Em breve, o Brasil deixará de ser um país jovem. Vários pesquisadores têm argumentado para perda da oportunidade do bônus demográfico, quando a maior parte da população de um país está em idade laboral.

Estudo da FGV, mostra que o bônus demográfico gerava 0,7% de crescimento do PIB na década de 90. Já em 2020, esse resultado foi zero (0).

Como consequência, há setores que atravessam um apagão de mão de obra, como a da construção civil e o de petróleo e gás. Não há saída para além da tecnificação e qualificação porque não poderemos contar com novo salto demográfico.