
A construção de escolas mais seguras, acolhedoras e integradas à comunidade é o foco das novas políticas públicas que podem surgir em Santa Catarina, inspiradas no modelo norte-americano de educação e segurança estudantil. Em missão oficial aos Estados Unidos, os deputados estaduais Mário Motta (PSD) e Paulinha (Podemos) visitaram o Columbia Heights Educational Campus, em Washington, referência internacional em inovação pedagógica e bem-estar escolar.
A visita faz parte de uma agenda que busca novas estratégias de convivência e prevenção de conflitos para o ambiente educacional catarinense.
“Foi uma visita que nos emociona e inspira. Eles têm uma política de atenção às crianças e jovens que vai muito além do ensino — é sobre pertencimento, acolhimento e construção de comunidade”, salientou a deputada Paulinha.
Durante a visita, os parlamentares conheceram de perto o sistema de acolhimento da escola, que conta com 15 profissionais dedicados exclusivamente a receber novos alunos, familiares, visitantes e colaboradores, garantindo uma integração plena à cultura escolar. Um dos pontos mais destacados foi a divisão especial de saúde mental, responsável pela proteção emocional e mediação de conflitos.
O deputado Mário Motta já planeja transformar essas ideias em políticas públicas para o Estado.
“É uma ideia que faz sentido para o nosso estado. Queremos construir um modelo de saúde mental escolar cidadã, o projeto Aurora, com valores humanos e preventivos. Não apenas de vigilância, mas de parceria com alunos, professores e comunidade”, explicou.
A proposta se inspira em iniciativas americanas que unem prevenção, acolhimento e segurança emocional, indo além de programas tradicionais de repressão. A ideia é criar, em Santa Catarina, um modelo de convivência e cultura de paz, integrando a rede de ensino, forças de segurança e profissionais de saúde mental.
Entre os diferenciais observados no Columbia Heights, chamou atenção a gestão comportamental e o uso consciente da tecnologia. Todos os estudantes deixam celulares e tablets em armários trancados ao entrar na escola, medida que, segundo os próprios alunos, resultou em um ambiente mais colaborativo e interativo, com melhor comunicação entre colegas e professores.
Outro destaque foi o papel do gerente de comportamento escolar, função exercida pelo Sr. Durval, que atua mediando conflitos e fortalecendo vínculos.
“Quase sempre o problema vem de casa”, afirmou ele, ressaltando a importância de uma abordagem empática e preventiva.
Com 15 profissionais de saúde mental para 1.500 alunos, a escola mantém uma proporção seis vezes superior à média nacional dos EUA. O resultado é expressivo: menos de 1% dos alunos foi suspenso no último ano letivo. Além disso, a instituição promove semanalmente a chamada “quarta-feira do bem-estar”, que mobiliza mais de 35 mil participantes, incluindo famílias e a comunidade.
A missão oficial contou ainda com a participação da assessora Patrícia Schneider, representantes da Polícia Militar de Santa Catarina, da Prefeitura de Florianópolis (Círculo da Paz) e da Embaixada do Brasil em Washington. O grupo incluiu também os assessores legislativos Diego Vieira e Cinthia Córdova, além do chefe de gabinete Michel Andrade, responsável por articular a visita junto a universidades e instituições norte-americanas.
De acordo com os parlamentares, a experiência americana oferece um referencial prático para o fortalecimento das políticas de segurança escolar em Santa Catarina.
“É impressionante ver como o acolhimento e a prevenção são pilares centrais desse modelo. Voltamos com a certeza de que é possível adaptar essas boas práticas à nossa realidade”, frisou a deputada Paulinha.
O deputado Mário Motta complementou.
“Por meio do Comitê Integra, que reúne especialistas de diferentes áreas, vamos levar essas experiências para Santa Catarina para deixar as nossas escolas e creches ainda mais seguras”.
Perspectiva: um novo paradigma de segurança escolar
A visita ao Columbia Heights reforça a ideia de que segurança e educação caminham juntas. Mais do que medidas de vigilância, os exemplos vistos em Washington mostram que o acolhimento, o pertencimento e a saúde mental são os pilares de uma escola verdadeiramente segura.
Com o Projeto Aurora e a articulação do Comitê Integra, Santa Catarina se prepara para dar um passo importante rumo a um novo paradigma de políticas públicas para a segurança escolar, inspirado em práticas internacionais, mas adaptado às necessidades e à cultura local.