O processo de escolha da lista sêxtupla do Quinto Constitucional da OAB/SC registrou um expressivo aumento de participação neste ano, evidenciando o grau de interesse e de mobilização da advocacia catarinense. Foram 19.401 votantes, número 43% superior ao registrado em 2023.
A ampliação do engajamento reforça o peso simbólico e institucional da vaga de desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que desperta, cada vez mais, a atenção de profissionais e grupos de influência dentro da Ordem.
O resultado consolidou uma lista plural, mas com destaque geográfico para a Grande Florianópolis, que emplacou três dos seis nomes escolhidos: Marcio Luiz Fogaça Vicari (3.498 votos), Willian Medeiros de Quadros (2.452 votos) e Giane Brusque Bello (1.568 votos). Completam a relação Ivan Naatz (2.246 votos, Blumenau), Mauri Nascimento (2.181 votos, Sombrio) e Giovani de Lima (1.641 votos, Joinville).
A partir de agora, o processo entra em uma fase decisiva: a homologação da lista pelo Conselho Pleno da OAB/SC na quinta-feira (9) e o posterior envio ao TJSC. Caberá aos 96 desembargadores do Tribunal selecionar três nomes que formarão a lista tríplice. Dela, sairá o escolhido do governador Jorginho Mello (PL) para ocupar a vaga no Tribunal.
Nesse ponto, o fator político torna-se inescapável. A participação do deputado estadual Ivan Naatz e o ex-procurador do Estado, Marcio Vicari – que foi o mais votado – impulsionaram o pleito. O desafio de ambos será convencer os desembargadores. Os demais que compõe a lista tem perfil mais institucional. Se Naatz ou Vicari passarem, o governador estará divido. Apesar do deputado estar certo do apoio de Jorginho em seu nome.
Do ponto de vista institucional, a alta adesão da classe demonstra vitalidade democrática dentro da OAB/SC, mas também levanta discussões sobre o grau de politização do processo do Quinto Constitucional. A fronteira entre mérito técnico e influência política permanece tênue, especialmente quando a eleição ganha contornos eleitorais tão explícitos.
Mais do que uma disputa por uma cadeira no TJSC, o processo de 2025 revela como o poder de articulação dentro da advocacia catarinense segue diretamente conectado às dinâmicas de poder do Estado. A votação recorde é, ao mesmo tempo, sinal de maturidade da classe e de que a toga — nesse caso — também pode ser disputada com as estratégias da política.