Diante do impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) intensifica a busca por novos destinos comerciais para o setor moveleiro. Entre os dias 9 e 12 de novembro, a entidade promove o Encontro de Negócios BR/SC – Argentina, em Buenos Aires, com o objetivo de ampliar as relações entre empresas catarinenses e o mercado argentino.
A missão, que integra o programa desTarifaço, reunirá empresários e compradores dos dois países em rodadas de negócios personalizadas, realizadas na Embaixada do Brasil. No dia 10, ocorre a etapa institucional, quando a FIESC apresentará o potencial produtivo e competitivo da indústria catarinense. O governador Jorginho Mello acompanhará a comitiva e participará da abertura oficial, destacando os diferenciais econômicos e logísticos do Estado.
“O segmento de móveis de Santa Catarina foi um dos mais afetados pelas tarifas norte-americanas. A missão à Argentina busca conquistar novos mercados e reduzir a dependência dos Estados Unidos como destino das exportações”, explica Gilberto Seleme, presidente da FIESC.
A iniciativa reforça o movimento de diversificação comercial promovido pela Federação, que vem atuando para mitigar os efeitos das barreiras tarifárias sobre a economia catarinense. Segundo o economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, as medidas impostas pelos EUA já mostram reflexos concretos: a região Serrana, tradicional polo moveleiro, pode registrar queda de até 0,53% do PIB e enfrenta retração no emprego industrial.
O impacto das tarifas foi sentido de forma imediata. Em agosto, primeiro mês de vigência das medidas, a indústria catarinense registrou o primeiro saldo negativo de empregos de 2025, com o fechamento de 1.754 vagas, segundo dados do Caged. Os setores mais afetados foram móveis e madeira, responsáveis por 1.236 postos encerrados no período.
Municípios com forte vocação exportadora, como Lages e Caçador, lideraram as perdas, com a eliminação de 287 e 281 vagas, respectivamente. O desempenho acendeu um alerta sobre a necessidade de ampliar mercados e reduzir a dependência externa de um único destino.
Com a presença do governador Jorginho Mello e de lideranças empresariais, a missão à Argentina simboliza um esforço coordenado entre o setor produtivo e o governo estadual para reverter o cenário adverso e fortalecer a presença internacional da indústria catarinense.
Além das rodadas de negócios, estão previstas apresentações institucionais e visitas técnicas, voltadas à aproximação de empresários, entidades setoriais e distribuidores argentinos. A expectativa é que o encontro gere novos contratos e parcerias que reforcem a competitividade do setor.
Em recente entrevista à Rádio Centro Oeste, o presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, afirmou que a indústria de Santa Catarina tem capacidade de adaptação e agora busca transformar a crise em oportunidade.
Com essa agenda, Santa Catarina reafirma sua vocação exportadora e sinaliza ao mercado sul-americano que está aberta a novas conexões — um movimento estratégico em meio a um cenário global de incertezas comerciais.