
A deputada federal Caroline de Toni (PL) parece sentir-se traída dentro do próprio partido, diante da falta de sustentação à sua pretensão de disputar a vaga ao Senado na chapa do governador Jorginho Mello (PL). A parlamentar avalia que tem condições reais de vitória, mesmo fora da estrutura do partido, e conta com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pretende lançar o filho Carlos Bolsonaro para o mesmo cargo em Santa Catarina.
Independentemente da legenda ou da coligação em que venha a se abrigar, Carol de Toni deve pedir votos para Carlos Bolsonaro – e vice-versa. Nesse cenário, sobraria Esperidião Amin (PP), que teria ainda mais dificuldades de reeleição caso permaneça na chapa de Jorginho, especialmente porque o PSD busca alternativas de palanque para o Senado.
Nos bastidores, há um entendimento informal dentro do grupo União Progressistas sobre quem deve ser o nome ao Senado com o apoio da federação. Entretanto, a base partidária – prefeitos, vereadores e filiados – não foi consultada oficialmente. O desafio dos líderes da federação, sobretudo dos Progressistas, é evitar a impressão de uma decisão imposta de cima para baixo, formulada apenas pela cúpula dirigente.
Até o momento, Jorginho Mello não formalizou convite público à federação ou a Amin. Limitou-se a elogiar o desempenho e a trajetória política do senador, sem avançar nas tratativas.
(Foto: Montagem/Pedro França/Agência Senado/Reprodução)O tempo e o silêncio tornaram-se as principais estratégias do governador. Ele já fez um movimento calculado ao convidar publicamente o MDB para ocupar a vice em sua chapa – gesto que pode se concretizar neste sábado (25), durante o Encontro Estadual do partido, com a presença do presidente nacional Baleia Rossi.
Jorginho precisa administrar o tempo para não perder apoios estratégicos, especialmente o de Carol de Toni. Um eventual afastamento da deputada poderia fortalecer o projeto de João Rodrigues (PSD), seu principal adversário na disputa ao Governo do Estado.
Por outro lado, o governador tem consciência da força eleitoral da base do União Progressistas. É uma escolha complexa. O apoio de Bolsonaro saiu caro. Terá de aceitar seu filho como candidato ao senado e preterir alguém forte que pode se aliar ao adversário.
O silêncio calculado de Jorginho, inclusive após a visita recente a Bolsonaro, é parte da estratégia de ganhar tempo e conter reações prematuras. Quanto mais demorar para anunciar oficialmente sua decisão, menor será a pressão da Assembleia Legislativa e mais limitada ficará a articulação pré-campanha de João Rodrigues.
Até março haverá muita conversa e pouca decisão.