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Fim da “Era Quinteros”, início de mais incertezas

Grêmio vive mais um capítulo de instabilidade na véspera de um grenal

17/04/2025, 09:58
Atualizado há 21 dias
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Por Felipe Eduardo
Quiteros durou pouco tempo no Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)Quiteros durou pouco tempo no Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

A demissão de Gustavo Quinteros do comando técnico do Grêmio era questão de tempo. Apesar de ter resistido mais do que muitos esperavam diante do desempenho decepcionante da equipe, a saída acabou se confirmando após uma sequência de atuações pouco convincentes e resultados que não condiziam com a grandeza do clube.

O início até foi promissor no Gauchão, mas bastou o nível dos adversários subir para o Grêmio se apequenar em campo. Foram 20 jogos com Quinteros na casamata, somando 9 vitórias, 5 empates e 6 derrotas – um aproveitamento de 53%. A equipe marcou 34 gols e sofreu 23, números que, à primeira vista, não parecem trágicos, mas escondem uma realidade preocupante: o futebol apresentado era pobre, sem identidade, e desconectado com o espírito competitivo que o torcedor exige.

O elenco gremista não é brilhante, longe disso, mas também está longe de ser fraco. O grande problema parece ter sido a falta de sinergia entre jogadores e treinador. A ideia de jogo de Quinteros nunca foi completamente assimilada, talvez nem mesmo aceita. E aqui no Brasil, treinador de futebol não tem tempo: ou entrega resultado e desempenho, ou é engolido pela pressão.

E agora, quem vem?

Com a saída de Quinteros, vários nomes passaram a ser especulados. Mano Menezes, Dorival Júnior e Fernando Diniz estão entre os mais comentados. Tite também é lembrado, mas parece improvável que aceite o desafio.

Dorival é a melhor opção entre eles: experiente, agregador e com histórico de bons trabalhos recentes. Já Diniz, apesar de ousado, seria a pior escolha neste momento turbulento – seu estilo exige tempo e confiança, dois luxos que o Grêmio não tem agora. Curiosamente, todos esses nomes têm em comum o fato de já terem comandado a Seleção Brasileira, o que mostra que o clube, ao menos nas especulações, mira alto.

Dorival é uma das opções para o tricolor gaúcho (Foto: Reprodução/Internet)

Mas não basta trazer um bom nome. O novo treinador vai precisar reestruturar o time, ajustar o sistema de jogo e, possivelmente, pedir reforços. Acima de tudo, terá que conquistar rapidamente a confiança dos jogadores e da torcida, que está com a paciência no limite. O ambiente é de urgência.

Outro movimento que deve ocorrer é a chegada de Felipão como coordenador técnico. A decisão é acertada, mas tardia. Isso já deveria ter sido feito no ano passado. A atual diretoria do Grêmio é frágil, omissa, e parece constantemente perdida. O torcedor sente isso, e está cansado de esperar por ações concretas.

Felipão pode retornar ao Grêmio em nova função (Foto: Pedro H. Tesch/Pedro H. Tesch/AGIF)

Para complicar ainda mais, este ano é de eleição no clube. Qual treinador de ponta vai topar assumir o time com um contrato apenas até o fim do ano? A instabilidade política pode afugentar nomes de peso, e dificultar ainda mais a negociação com qualquer profissional de alto nível.

Grenal à vista e o favoritismo colorado

Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o Grêmio tem um desafio gigante neste sábado: o Grenal, na Arena. O clássico chega em um momento completamente desfavorável para o tricolor. O Inter, apesar de ter perdido para o Palmeiras na última rodada, tem mostrado um futebol muito mais consistente. A famosa gangorra da dupla Grenal segue firme: quando um está bem, o outro afunda.

O Grêmio, que entrará em campo com um técnico interino, até pode surpreender – afinal, clássico é clássico – mas o favoritismo é claramente colorado, mesmo jogando fora de casa. A torcida gremista sabe disso, e teme o pior.

O tricolor precisa de muito mais do que um novo treinador. Precisa de liderança, convicção, planejamento e, sobretudo, respeito com o seu torcedor. O momento é delicado, e o futuro, incerto. O que vem pela frente é uma verdadeira prova de fogo.

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