Rádio Centro Oeste

Milagre? Não. Só o mínimo que todo time deveria fazer

Com gestão séria e foco na valorização do atleta, projeto da maior cidade do Oeste catarinense vira exemplo para a região

18/06/2025, 19:13
Atualizado há 1 dia
WhatsappFacebookTwitterTelegram
https://d20illa76ai7va.cloudfront.net/17d5e90233d13b436ee1e785dc91a4.jpeg
Por Felipe Eduardo
Integrantes da Chapecoense Futsal estiveram no Resenha Esportiva (Foto: Felipe Eduardo Zamboni)Integrantes da Chapecoense Futsal estiveram no Resenha Esportiva (Foto: Felipe Eduardo Zamboni)

Enquanto muitos ainda tratam o futsal como um passatempo de final de semana, a Chapecoense Futsal dá uma lição de gestão, comprometimento e, acima de tudo, profissionalismo. Em entrevista ao programa Resenha Esportiva da RCO, o presidente Clayton Tressoldi, ao lado do vice Ivanor e dos atletas Renan Mantelli e Jefe Seco, deixou claro que não há mágica: o que move o projeto é fazer o certo.

Chapecó, com todo seu peso econômico e populacional, andava apagada no cenário nacional do futsal desde 2006. Sim, quase duas décadas no escuro. Foi preciso uma nova diretoria, coragem e uma boa dose de indignação para acender essa chama novamente.

Hoje, o time está na Série Ouro da Federação Catarinense e no Campeonato Brasileiro de Futsal. Um avanço? Sem dúvida. Um milagre? Definitivamente não. Como bem pontuou o presidente, é apenas o básico sendo feito de forma correta.

"Não tem como admitir uma cidade do tamanho de Chapecó fora do cenário nacional", dispara Clayton.

E ele está certo. É inconcebível que cidades com estrutura e potencial fiquem à margem do desenvolvimento esportivo por pura falta de gestão. A Chapecoense Futsal provou que o buraco muitas vezes está na mentalidade. Nada de atleta com jornada dupla em prefeitura ou improviso em cima da hora. Na Chape, o jogador vive do futsal, treina em dois períodos, tem academia, fisioterapia e viaja com dignidade. Ou seja: é tratado como profissional.

Futsal não se faz com gambiarra. Clayton foi direto ao ponto que muita gente evita.

“Você colocaria dinheiro na mão de alguém que você não conhece ou que não passa credibilidade?”. Pois é. Falta contrato de 12 meses, salário em dia, estrutura mínima", disse ele.

Projetos na região

Ai muito vão perguntar: Então vocês está criticando os demais projetos da região? Óbvio que não. Times como a Pinhalense Futsal Zagonel, Adaf Saudades e a AD Cunha Porã são tradicionais e querem crescer, mas não vai apenas da vontade do presidente ou do treinador, é um conjunto de fatores.

O exemplo de Chapecó deve servir de espelho. O modelo pode ser difícil de implantar? Sim. Impossível? Não. É preciso pessoas que comprem a ideia e acreditem. Até brinco com presidentes de times da região que eles são loucos em estar à frente dos projetos, pois o dia a dia não é fácil, não se toca apenas o projeto, todos tem outras funções e responsabilidades nas suas vidas, porém o ponto crucial é o apoio da comunidade e empresarial.

A Chapecoense tem mais de 70 patrocinadores, claro que Chapecó tem muito mais empresas do que as cidades ao seu redor, mas os empresários e o poder público precisam comprar a ideia, fazer mais como a Zagonel faz em Pinhalzinho. Não é gasto, é investimento, é ter a sua marca sendo exposta em projetos bons, que vão ser destaque na região, no estado e até no país.

Porque, sejamos francos: querer um time competitivo sem investir é o mesmo que plantar no asfalto e esperar colher. Não se trata apenas de montar time adulto competitivo – é preciso investir na base, pensar no longo prazo e entender que esporte é também política pública e os gestores municipais precisam achar meios de buscar recursos para isso também.

O que está em jogo é mais que uma bola

Chapecó finalmente está construindo um ginásio digno. E isso precisa se espalhar. Pinhalzinho e Saudades, que já respiram futsal, também devem dar esse passo. Chega de empurrar com a barriga, temos bons espaços, mas é preciso pensar no futuro, daqui cinco anos os atuais espaço não vão ser o suficiente e um grande ginásio não se levanta do dia para a noite. Investir em esporte não é jogar dinheiro fora – é garantir saúde, educação, identidade e futuro.

A Chapecoense Futsal está apenas começando, mas já está no caminho certo. Mostrando que não é preciso fazer o extraordinário, basta fazer o correto. Que outras cidades vejam, aprendam e – quem sabe – repliquem. Porque talento nós temos de sobra.

Enquanto o futsal continuar sendo tratado com amadorismo, até mesmo pelos próprios atletas, os frutos continuarão escassos. Mas onde há seriedade, há futuro.

Ouça ao vivo