O futsal é apaixonante

Final da LNF foi decidida apenas nos últimos segundos de jogo

18/12/2023, 09:56
Atualizado há 5 meses
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Por Ricardo Niquetti
Esse foi o primeiro título da Liga Naciona do Atlântico (Foto: Rafael Arantes)Esse foi o primeiro título da Liga Naciona do Atlântico (Foto: Rafael Arantes)

O que dizer do tempo, essa entidade que dá uma dinâmica toda especial a vida, o filósofo Agostinho tentou definir o tempo, segue o pensamento: O que é o tempo? Quando quero explicá-lo não acho explicação. Se o passado é o que eu, do presente, lembro, e o futuro é o que eu, do presente, antecipo, não seria mais certo dizer que o tempo é só o presente? Mas quanto dura o presente?

Além da filosofia, tem um ditado que diz "O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira", muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto ou longo, ou melhor, o tempo parece ser uma engrenagem dinâmica e não apenas mecânica.

E o futsal? 

Ah o futsal, esporte que tem no cronômetro um amigo, mas que insiste em querer dilatar o tempo, vimos isso no documentário produzido pela RCO, sobre os 2 segundos da final entre Pinhalzinho e Blumenau, mas como conectar esses dois mundos, vamos a tentativa. 

A Liga Nacional de Futsal (LNF) é a maior competição da modalidade no Brasil, este ano, de maneira inédita, a final foi em jogo único, sucesso por sinal. Reuniu dois times de muita tradição, o Joinville Futsal, que já tinha sido campeão desta competição, atual campeão catarinense, um time super bem treinado, com bons jogadores, além de uma torcida vibrante e o mais importante com uma aura de campeão, do outro lado, o Atlântico, time de Erechim, sensação do ano, melhor campanha, melhor ataque e com apenas uma dúvida, conseguiria vencer a liga pela primeira vez, já que foi vice em 3 oportunidades ou teria que esperar mais.

A atmosfera domingo era das melhores, casa cheia, jogo transmitido para todo Brasil, ginásio lindo e organizado, tudo parecia bonito, porém faltava o grande tempero, aquilo que dá a dinâmica para todas as coisas, o tempo, e com ele o eterno presente, ou melhor, a eternidade, o legado, a grande história, e esse tempo chegou.

Num jogo bem constante, em que o Atlântico procurou criar e o Joinville parecia dosar o tempo, o jogo acabou sendo decidido nos últimos segundos, faltavam 29 segundos exatamente, e tudo começou a mudar, o gol de Willian e depois o gol de Neguinho, faltando 9 segundos.

Obviamente que a resiliência, a habilidade do chute, a força da troca de passes, o senso de oportunidade, a coletividade e os gols, parecem ter uma dinâmica para quem observa de fora como algo rápido e espontâneo, mas garanto que não o é, a luta deste clube e deste time em específico, foi generosamente condensada em poucos segundos, mas cada um desses segundos possui longos meses de trabalho, dedicação e persistência, vencer em qualquer modalidade exige tudo menos rapidez, exige tudo menos desistência, exige tudo menos covardia, e isso o Galo, que nasceu da colônia italiana do interior do Rio Grande, tem no DNA.

Vamos aos cálculos temporais: Joinville ficou vencendo por 25:52, o jogo permaneceu empatado por 13:59, o Atlântico permaneceu apenas 9 segundos vencendo o jogo, ou melhor o Atlântico em 15 segundos mudou sua história, parece pouco tempo, mais esses segundos são gigantescos e durarão mais do que horas, esse pensamento é difícil de entender, mas fácil de vivenciar.

Para concluir, esse jogo foi muito especial não apenas pela vitória e a virada em poucos segundos, mas pelo futsal, esporte que deveria ser mais bem cuidado pelas grandes mídias, pelos governantes e pelos dirigentes esportivos e ser ungido na galeria de identidade nacional, pois ele no futsal que o verdadeiro futebol brasileiro tem a sua morada.

Parabéns Atlântico, parabéns Erechim, parabéns FUTSAL, e viva o tempo, aquilo que quando percebido parece querer escorrer pelas mãos, mas quando vivido torna tudo grandioso.