
O mais recente levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com População em Situação de Rua (OBPopRua), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revela que o Brasil tinha 358.553 pessoas em situação de rua no mês de outubro.
O estudo indica uma forte concentração no Sudeste, com São Paulo liderando os números (148.730 pessoas, sendo quase 100 mil apenas na capital), seguido pelo Rio de Janeiro (33.081) e por Minas Gerais (32.685). Juntas, essas três unidades federativas respondem por cerca de 60% da população em situação de rua do país.
No Sul do Brasil, Santa Catarina aparece com cerca de 11.805 pessoas nessa condição, segundo o mesmo levantamento. Embora os números absolutos sejam menores que os do Sudeste, o crescimento é expressivo e chama a atenção das autoridades
Dados do Cadastro Único (CadÚnico) indicam que o número de catarinenses em situação de rua saltou de aproximadamente 1.774 em 2016 para mais de 8.800 em 2023, um aumento de quase quatro vezes. Estimativas mais recentes, divulgadas pela Secretaria de Estado da Assistência Social, apontam que o estado já ultrapassa a marca de 12 mil pessoas vivendo nas ruas.
O perfil dessa população em Santa Catarina também está bem definido, sendo 89,2% homens e apenas 10,8% de mulheres. A maioria está na faixa etária entre 18 e 59 anos, com quase metade concentrada entre 18 e 39 anos. Os dados mostram ainda que 59,5% se declaram brancos e 9,3% pretos.
Um ponto que chama a atenção é o nível de escolaridade, 98% das pessoas em situação de rua no estado frequentaram a escola e 95% sabem ler e escrever. Além disso, 82,4% já tiveram emprego com carteira assinada, o que indica que boa parte dessa população já esteve inserida no mercado de trabalho.
Relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC) reforçam a preocupação com o crescimento desse público e apontam falhas nas políticas públicas voltadas à assistência social. Uma auditoria apresentada em março de 2025 identificou deficiências na integração entre os municípios e o governo estadual, além de inconsistências nos cadastros e na oferta de serviços de moradia, saúde e reinserção. O documento destacou que o atendimento ainda é pontual e insuficiente para atender à complexidade do problema.
Diante desse cenário, o governo catarinense tem tentado ampliar as ações de enfrentamento. Em setembro de 2025, por exemplo, a Secretaria de Assistência Social promoveu capacitação para gestores de 40 municípios com foco no atendimento a pessoas em situação de rua. O estado também estuda a implantação de um “prontuário digital” com tecnologias de biometria e georreferenciamento para melhorar o acompanhamento dessa população.