Streaming avança e supera TV por assinatura em mais da metade dos lares brasileiros
Pesquisa do IBGE mostra que desinteresse supera preço como principal motivo para abandono da TV paga

A preferência do brasileiro por serviços de vídeo sob demanda continua crescendo e impactando diretamente o setor de televisão por assinatura. De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 43,4% dos 75,2 milhões de domicílios com aparelho de TV no país utilizam serviços pagos de streaming, o que representa 32,7 milhões de casas. Em contrapartida, apenas 24,3% mantêm a TV por assinatura, ou 18,3 milhões de lares.
Os dados são parte do suplemento sobre tecnologia da informação e comunicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), referente ao último trimestre de 2024. O levantamento identificou o menor número de domicílios com TV paga desde o início da série histórica, em 2016. Naquele ano, 33,9% das casas tinham o serviço. O percentual caiu para 24,3% em 2024.
Além da queda na adesão, o IBGE destaca uma mudança no perfil do consumidor. Em 2016, o principal motivo apontado para não ter TV por assinatura era o preço elevado (56,1%). Já em 2024, o desinteresse lidera, com 58,4%, enquanto a justificativa por custo alto caiu para 31%.
“Possivelmente um dos motivos dessa falta de interesse pode ser, por exemplo, o streaming, o acesso a vídeos, a filmes e séries por outros meios”, explica o analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes.
A consolidação do streaming
O serviço de streaming de vídeo também apresentou leve crescimento entre 2022 e 2024. Eram 31 milhões de domicílios com o serviço em 2022, passando para 32,7 milhões em 2024. Essas residências abrigam 95,1 milhões de pessoas.
O acesso ao streaming é geralmente associado a uma maior renda. Nas casas com esse tipo de serviço, o rendimento médio mensal por pessoa é de R$2.950, enquanto nos domicílios sem streaming, a média cai para R$1.390.
A análise também mostra diferenças regionais marcantes, enquanto aproximadamente metade dos domicílios do Sul (50,3%), Sudeste (48,6%) e Centro-Oeste (49,2%) assina plataformas digitais, o percentual é bem menor no Nordeste (30,1%) e no Norte (38,8%).
Mesmo com o avanço do streaming, ele ainda convive com outras formas de acesso à TV. Em 86,9% dos lares com plataformas digitais, também há recepção de TV aberta, uma leve queda em relação aos 93% registrados em 2022.
Já 39,7% desses lares combinam streaming com TV por assinatura. Em 8,2% das casas com streaming, não há sequer acesso à TV aberta ou paga, ou seja, o entretenimento é exclusivamente digital. Esse índice mais que dobrou desde 2022, quando era de 4,7%.