Toda semana, mais de 600 mulheres em Santa Catarina buscam a Justiça em busca de proteção contra a violência doméstica. Somente nos primeiros sete meses deste ano, o Judiciário concedeu 18.387 medidas protetivas, uma média de 87 por dia, alta de 8,1% em comparação a 2024.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) por magistradas do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), em coletiva de imprensa realizada em Florianópolis. O levantamento reúne informações e traz um panorama inédito sobre o enfrentamento da violência contra a mulher no Estado.
Um dos pontos que mais chamou a atenção foi o número de feminicídios julgados: 106 somente neste ano, quase quatro por semana, índice 36% maior que o registrado no ano passado.
“Os dados que vamos apresentar não parecem reais, mas infelizmente são”, afirmou a desembargadora Hildemar Meneguzzi de Carvalho, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (Cevid).
No mesmo período, foram julgadas 23.416 ações relacionadas à violência doméstica, média de 111 por dia. Esses processos representam 28,9% de toda a competência criminal no Estado. Para a juíza Naiara Brancher, coordenadora adjunta da Cevid, os números revelam a dimensão de um problema estrutural. Segundo a magistrada, além da punição aos agressores, o combate à violência exige ações de prevenção e mudança cultural.
“Estamos falando do fenômeno mais democraticamente perverso que existe na nossa sociedade. Investimos fortemente em atividades educativas, vamos às escolas, produzimos materiais didáticos e fomentamos grupos reflexivos para autores de violência”, disse ela.
O levantamento também destacou diferenças regionais. O Litoral Norte foi a região com mais medidas protetivas concedidas em 2025: 2.927, alta de 53% em relação ao ano passado. Já a Foz do Rio Itajaí, que liderava em 2024, registrou 2.787 medidas neste ano, crescimento de 5%. O Planalto Norte teve o menor número de registros: 810, aumento de 4,6%.
A juíza auxiliar da Presidência, Maira Salete Meneghetti, reforçou que o Judiciário está pronto para responder rapidamente aos pedidos de socorro das mulheres.
“Não importa se é à noite, fim de semana ou feriado. Nós estamos equipados para dar uma resposta efetiva, para que a violência seja coibida e não escale”, declarou.
Ao final, Naiara chamou atenção para um dado invisível.
“O mais preocupante são os números que não aparecem: as mulheres que vivem sob violência e não procuram o Judiciário, que estão totalmente desprotegidas”, concluiu.