
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou aos 100 dias nesta terça-feira (11), marcada por intensas movimentações políticas, visitas de aliados catarinenses e um clima de crescente disputa dentro do próprio bolsonarismo.
Desde que foi obrigado a cumprir a pena em casa, em um condomínio de luxo no bairro Jardim Botânico, em Brasília (DF), Bolsonaro recebeu três visitas de lideranças políticas de Santa Catarina. Todas as agendas foram previamente autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os visitantes estão a deputada federal e pré-candidata ao Senado Carol de Toni (PL), o senador Esperidião Amin (PP) e o governador Jorginho Mello (PL), que se reuniram com o ex-presidente entre o fim de setembro e o início de outubro. A deputada Júlia Zanatta (PL) também teve permissão para visitá-lo, mas não compareceu — fato explicado em uma live recente com a deputada estadual Ana Campagnolo (PL).
O principal assunto das reuniões foi a formação da chapa do PL ao Senado nas eleições de 2026, tema que transformou-se em um ponto de atrito dentro da base bolsonarista. Após o encontro, Carol de Toni declarou ter recebido do ex-presidente a sinalização de apoio à sua candidatura. Já Amin evitou comentar o conteúdo da conversa, e Jorginho Mello confirmou o acordo político que prevê uma indicação de Bolsonaro e outra do próprio governador para a disputa.
O arranjo favorece os nomes de Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, e Esperidião Amin, preferido de Jorginho Mello para facilitar alianças eleitorais. A possível exclusão de Carol de Toni da chapa, entretanto, gerou descontentamento entre apoiadores da deputada, que conta com o respaldo de Michelle Bolsonaro e de lideranças locais.
A tensão aumentou após Ana Campagnolo criticar publicamente a ideia de lançar Carlos Bolsonaro por Santa Catarina, afirmando que a medida enfraqueceria o PL estadual. As declarações provocaram reações imediatas de Carlos e Eduardo Bolsonaro, que rebateram a parlamentar nas redes sociais. Desde então, Campagnolo afirma ser alvo de ataques de militantes bolsonaristas.
Enquanto o grupo tenta reorganizar suas forças, Bolsonaro mantém uma rotina discreta em sua casa no Distrito Federal. Segundo aliados próximos, o ex-presidente vive entre as articulações políticas e a preocupação com o futuro de seu processo, temendo a possibilidade de cumprir pena em regime fechado caso o benefício da prisão domiciliar seja revisto.