O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda-feira (22) a implementação da solução de dois Estados como caminho para a pacificação do Oriente Médio: o Estado da Palestina e o Estado de Israel.
Lula participou, em Nova York, da segunda sessão da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita. O encontro antecede a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Em discurso, Lula afirmou que o que ocorre em Gaza não é apenas “o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação”. Segundo ele, tanto Israel quanto a Palestina “têm o direito de existir”.
O governo brasileiro sustenta que a paz e a estabilidade na região dependem do reconhecimento de um Estado palestino independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental como capital.
O presidente lembrou que a ideia da criação de dois Estados surgiu em 1947, com o Plano de Partilha da ONU, mas apenas Israel se consolidou. Para ele, o conflito simboliza os desafios do multilateralismo, revelando como “a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU”.
Lula também defendeu a criação de um órgão inspirado no Comitê Especial contra o Apartheid, que teve papel central no fim do regime de segregação racial na África do Sul.
“Assegurar o direito de autodeterminação da Palestina é um ato de justiça e um passo essencial para restituir a força do multilateralismo e recobrar nosso sentido coletivo de humanidade”, disse.
O presidente brasileiro destacou ainda que o país condenou os atos cometidos pelo Hamas, mas ponderou que o direito de defesa não pode justificar a morte indiscriminada de civis.
“Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças, destruir 90% dos lares palestinos e usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda”, concluiu.