Os líderes do Brics se reuniram virtualmente nesta segunda-feira (08) para discutir medidas de fortalecimento do comércio e da integração financeira entre os países do bloco. A iniciativa partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que convocou a cúpula extraordinária após os Estados Unidos elevarem tarifas a parceiros comerciais, em um movimento visto como ameaça direta ao Sul Global.
Em seu discurso, Lula afirmou que o Brics tem legitimidade para “refundar o sistema multilateral de comércio em bases modernas e flexíveis”. O presidente destacou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento na diversificação econômica e lembrou o peso do grupo que tem 40% do PIB global, 26% do comércio mundial, metade da população do planeta e 42% da produção agropecuária.
Lula criticou a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e classificou as recentes medidas unilaterais de Washington como “chantagem tarifária”. Segundo ele, o protecionismo ameaça a soberania de países em desenvolvimento e busca dividir aliados estratégicos.
“Precisamos chegar unidos à Conferência Ministerial da OMC em 2026”, disse.
Além das questões comerciais, o presidente brasileiro também tratou de conflitos internacionais, como a guerra na Ucrânia e o genocídio na Faixa de Gaza. Ele condenou a presença militar dos Estados Unidos no Caribe e afirmou que a América Latina e o Caribe devem permanecer como “Zona de Paz e Cooperação”.
No campo ambiental, Lula reforçou o convite para a COP30, em Belém, e sugeriu a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU. Para ele, a conferência será “o momento da verdade e da ciência” sobre a transição energética global.
Participaram da reunião os líderes de China, Rússia, África do Sul, Egito, Irã, Indonésia, além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos e representantes da Índia e da Etiópia. Segundo o Palácio do Planalto, o encontro também serviu para alinhar posições em preparação à Assembleia Geral da ONU, marcada para o fim do mês, em Nova York.