Família preserva memória do filho falecido na propriedade onde ele cresceu

Na linha Alto Solteiro, no interior de Saudades, Oeste de Santa Catarina, o tempo parece correr mais devagar. Mas para Edgar e Sônia Stein, cada dia carrega a lembrança de uma tarde que mudou para sempre o curso de suas vidas.

Em 2002, o casal perdeu o filho Enéas, então com 24 anos, vítima de uma intoxicação grave ao tentar salvar um funcionário que havia desmaiado dentro de uma caixa de armazenamento de água com soro para suínos.

A tragédia abalou profundamente a comunidade local, que viu partir um jovem trabalhador, conhecido por sua generosidade e disposição em ajudar. “Foi uma perda difícil de aceitar, mas aprendi a lidar com isso. Eu me apeguei ao seguinte: tem mais pais que perdem seus filhos, então, por que eu não posso ser um desses que precisa carregar isso?" conta Edgar, hoje com 75 anos.

A dor da perda foi imensa, mas, segundo Sônia, a solidariedade das pessoas jamais será esquecida e foi essencial naquele momento de dor. “A ajuda foi fundamental para suportar. Eu nunca vou esquecer o apoio que recebemos dos nossos vizinhos e amigos”, relembra.

Lembrança permanente

Passadas mais de duas décadas, a lembrança continua presente. O casal permaneceu na mesma terra, onde Enéas passou a infância, ajudou na lida e, tragicamente, se despediu da vida.

“É um processo difícil, porque a saudade é imensa, mas o tempo vai ajudando. A gente vai se acostumando, mas nunca apaga. Ele era muito querido”, diz Edgar.

A lida no campo

Mesmo diante da dor, Edgar e Sônia encontraram no trabalho rural uma forma de seguir em frente. A rotina no campo, com suas tarefas, também recompensadoras, virou espécie de terapia.

Edgar ainda percorre os caminhos da propriedade com energia surpreendente. Ele comprou até um quadriciclo, que usa para visitar os cantos da lavoura e manter os cuidados com o gado.