A adultização infantil foi tema da entrevista do programa Radar da RCO nesta terça-feira (02). A psicóloga Sandra Frozza destacou que, embora o conceito de infância seja recente na história da humanidade, ainda hoje muitas crianças são tratadas como “miniadultos”, assumindo responsabilidades ou vivenciando situações que não correspondem à sua faixa etária.
Segundo Sandra, até poucos séculos atrás as crianças eram vistas como adultos em miniatura, com obrigações e papéis sociais que não correspondiam à sua fase de vida.
“O olhar para a criança como um ser em desenvolvimento, que necessita de afeto, cuidado e estímulos adequados, é algo relativamente novo”, explicou.
A especialista reforça que a adultização nem sempre está ligada apenas à forma de se vestir ou se expor nas redes sociais, mas também à atribuição de responsabilidades excessivas.
“Muitas vezes a criança é levada a cuidar de irmãos, lidar com lutos familiares ou assumir papéis emocionais que não está preparada para enfrentar”, disse.
O impacto da tecnologia e das redes sociais
Outro ponto de destaque foi o uso precoce de celulares e redes sociais. Sandra citou pesquisas que sugerem que o ideal é oferecer um celular apenas após os 13 ou 14 anos, e o acesso a redes sociais somente a partir dos 16.
“O problema não é apenas o conteúdo que a criança acessa, mas como ela lida com críticas, curtidas e comparações. Ela ainda não tem estrutura psíquica para isso”, alertou.
A psicóloga reforça a importância do tempo de tela controlado e da busca por experiências reais: brincar ao ar livre, conversar em família, explorar a natureza.
"Quanto mais contato humano e menos exposição às telas, menores são os riscos de ansiedade e depressão no futuro”, acrescentou.
Regras, limites e equilíbrio
Sandra também comentou sobre os diferentes perfis de educação parental, que variam entre rígidos, flexíveis, democráticos e negligentes. Para ela, o equilíbrio é o caminho mais saudável.
“A criança precisa de regras, mas não de rigidez extrema. A disciplina é necessária, mas deve vir acompanhada de espaço para criatividade e autonomia. O uso de telas pode ser limitado a duas horas por dia, o respeito às diferenças deve ser inegociável, mas outras questões podem ser dialogadas em família”, ressaltou.
Quando terceiros opinam nas decisões dos pais
Por fim, a psicóloga destacou que cada família deve estabelecer seus próprios valores e acordos, independentemente das opiniões externas.
“O que eu quero enquanto família? O que eu quero enquanto pai e mãe? Existem regras negociáveis e inegociáveis. Cabe à família definir com clareza e manter a coerência”, concluiu.