
Os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) são responsáveis por um em cada quatro atendimentos de causas neurológicas realizados pelas Unidades de Suporte Avançado (USAs) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Santa Catarina. O dado foi divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) nesta quarta-feira (29), Dia Mundial do AVC, como forma de reforçar a importância do reconhecimento precoce dos sintomas e do acionamento imediato do socorro.
“O AVC é uma das maiores causas de morte no Brasil e no mundo. Quando não provoca a morte, pode deixar sequelas irreversíveis. Todos devem estar atentos aos sinais e acionar o Samu pelo 192, pois é uma doença tempo-sensível”, alerta o superintendente de Urgência e Emergência da SES, Marcos Fonseca.
Ele explica que a rapidez no atendimento é fundamental para preservar as funções neurológicas.
“Fique atento se o sorriso cair para um dos lados, se alguém não conseguir levantar os dois braços por alguns segundos ou se a fala ficar confusa. Esses são sinais clássicos e exigem socorro imediato”, destaca.
De janeiro a setembro de 2025, as equipes das USAs atenderam 1.190 casos de AVC — o equivalente a 24,5% das 4.841 ocorrências neurológicas registradas no período. Nas Unidades de Suporte Básico (USBs), foram outros 1.214 atendimentos, totalizando 2.404 ocorrências em todo o estado neste ano.
A médica da USA/Samu, Andréia Diane Freitas, explica que o AVC ocorre quando há obstrução das artérias que irrigam o cérebro, levando à morte de parte do tecido cerebral.
“Isso pode gerar perda de mobilidade, memória, linguagem e até de funções vitais, como a respiração”, afirma.
Em 2024, o AVC provocou 1.240 mortes em Santa Catarina — sendo 645 homens e 595 mulheres —, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Em nível nacional, o Ministério da Saúde registrou 105.173 óbitos por AVC em 2023.
Os principais sinais de alerta são dificuldade para falar, desvio do sorriso e perda de força em um lado do corpo. “Algumas pessoas também podem apresentar perda de consciência, convulsões e confusão mental”, explica Andréia.
Ela recomenda o uso da sigla SAMU para ajudar na identificação rápida dos sintomas:
S – Sorria: observe se o rosto está torto;
A – Abrace: veja se a pessoa consegue levantar os dois braços;
M – Música: peça para repetir uma frase e observe se há dificuldade na fala;
U – Urgência: diante da suspeita, ligue 192 imediatamente.
“É fundamental manter a calma, não oferecer alimentos nem medicamentos e, em caso de convulsão, proteger a cabeça e deitar o paciente de lado”, reforça a médica.
O atendimento começa no momento da ligação ao 192. O técnico coleta as informações e o médico regulador orienta o solicitante, decidindo o tipo de ambulância a ser enviada.
“O tempo de início dos sintomas é decisivo, pois define o tipo de tratamento”, explica Andréia.
Na chegada da equipe, o paciente recebe os primeiros cuidados ainda na ambulância, com monitoramento da pressão arterial, glicemia e nível de consciência.
“Existem medicamentos que dissolvem o coágulo causador do AVC, mas eles só podem ser aplicados até 4h30 após o início dos sintomas. Em casos específicos, é possível remover o trombo por procedimento endovascular, até 24 horas depois”, detalha.
Entre os principais fatores de risco estão hipertensão, diabetes, tabagismo, consumo de álcool e drogas, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, idade avançada e histórico familiar.
“A prevenção passa por hábitos saudáveis: praticar atividades físicas, manter alimentação equilibrada, controlar doenças crônicas e cuidar da saúde mental”, orienta a médica.