
O uso contínuo da melatonina, suplemento amplamente utilizado para induzir o sono, pode estar associado a um risco elevado de desenvolver problemas cardíacos e até de morte por qualquer causa. A conclusão é de um estudo apresentado nesta segunda-feira (03) pela American Heart Association, que analisou o histórico médico de mais de 130 mil adultos com insônia.
De acordo com os resultados preliminares, indivíduos que usaram melatonina por pelo menos 12 meses apresentaram 90% mais chances de desenvolver insuficiência cardíaca em comparação com aqueles que não fizeram uso do hormônio. Além disso, o grupo teve 3,5 vezes mais probabilidade de ser hospitalizado por causa da doença e quase o dobro do risco de morte por qualquer motivo.
“O suplemento pode não ser tão inofensivo quanto se acredita”, afirmou o médico Ekenedilichukwu Nnadi, autor principal da pesquisa.
Segundo ele, os resultados surpreenderam os cientistas, já que a melatonina é frequentemente prescrita como uma alternativa segura para quem tem dificuldades de sono. O pesquisador reforça, porém, que os dados ainda não comprovam uma relação causal direta, e novas pesquisas serão necessárias para avaliar a segurança do hormônio para o coração.
A melatonina é um hormônio natural produzido pela glândula pineal, responsável por sinalizar ao corpo que é hora de dormir. Sua produção é estimulada pela escuridão e interrompida pela luz. Além de regular o sono, ela influencia funções metabólicas, cardiovasculares, respiratórias e hormonais.
No entanto, a versão sintética — vendida em cápsulas e comprimidos — tem sido usada de forma cada vez mais ampla, especialmente desde que sua comercialização foi liberada pela Anvisa em 2021, sem necessidade de receita médica.
Especialistas alertam que a melatonina só deve ser usada sob orientação médica e é indicada, principalmente, para pessoas com transtorno do espectro autista, deficiência visual ou distúrbios do ritmo circadiano. Em casos de insônia comum, o suplemento pode ajudar a adormecer, mas não é considerado um tratamento para o problema.