
















A estiagem voltou ao centro das atenções em Santa Catarina, especialmente no Oeste, onde o comportamento da atmosfera já indica um período mais prolongado de dias secos. A meteorologista Camila Cardoso explica que o alerta foi reforçado após a reunião climática promovida pelo Fórum Catarinense de Meteorologia, realizada na segunda-feira (24), encontro que desde 2004 reúne instituições para discutir tendências e riscos.
Segundo ela, o principal fator em observação é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, característica da fase La Niña. Embora os centros internacionais apresentem divergências sobre a intensidade do fenômeno, há consenso de que o oceano já apresenta anomalias negativas de temperatura.
“Esse resfriamento é determinante para a posição dos sistemas meteorológicos, que influenciam diretamente o regime de chuvas e a temperatura no Sul do Brasil”, explica Camila.
A meteorologista ressalta que, por se tratar de uma La Niña fraca e em fase de transição, outros modos de oscilação atmosférica acabam interferindo no padrão do clima, como a Oscilação Antártica, que já provocou temperaturas abaixo da média em outubro e novembro. Para dezembro, o cenário projetado é de redução no volume de precipitação e maior frequência de dias consecutivos de sol, especialmente no Oeste catarinense.
Apesar da preocupação, Camila destaca que não deve ocorrer um quadro tão severo quanto o registrado em 2021 e 2022.
“A chuva vai reduzir, mas ainda teremos episódios com certa regularidade. O problema é a irregularidade: pode chover muito em uma propriedade e quase nada em outra”, afirma.
Essa característica deve marcar as próximas semanas, com períodos secos intercalados por eventos isolados de instabilidade, muitas vezes acompanhados de temporais. A próxima instabilidade significativa é esperada entre domingo, segunda e terça-feira, mas também de forma irregular.
Após esse período, o clima volta a indicar nova sequência de dias secos, mantendo a preocupação com a estiagem e abrindo espaço para eventos severos.
“Com as anomalias negativas de temperatura no oceano e o calor acumulado na superfície, aumenta a chance de temporais e até granizo”, alerta Camila.
A tendência confirma um verão desafiador, marcado por chuva mal distribuída e longos períodos de sol, exigindo atenção reforçada dos produtores rurais e das equipes de gestão hídrica no estado.