
















O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (10), na abertura da COP30 em Belém, que a governança global assuma um compromisso firme com uma transição justa para economias de baixo carbono, capaz de evitar um colapso climático. Lula afirmou que a crise ambiental é também uma crise de desigualdade, que aprofunda injustiças históricas e atinge de maneira mais dura populações vulneráveis.
Em um discurso marcado por referências ao pensador indígena Davi Kopenawa, Lula pediu "clareza de pensamento" aos negociadores e ressaltou o simbolismo de realizar a conferência pela primeira vez na Amazônia. Ele destacou que o aquecimento global ameaça empurrar milhões para a fome e a pobreza, reforçando que políticas de adaptação devem considerar o impacto desproporcional sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e comunidades tradicionais.
O presidente reafirmou o papel essencial dos territórios indígenas na preservação das florestas e na regulação do carbono, lembrando que mais de 13% do território brasileiro é demarcado para povos originários. Também criticou duramente os negacionistas e afirmou que a COP30 deve ser a “COP da verdade”, condenando a desinformação e a rejeição à ciência.
Emergência climática é uma crise da desigualdade, diz Lula na COP30 (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)Lula pediu urgência na adoção de medidas que limitem o aumento da temperatura global, defendeu a criação de um Conselho do Clima vinculado à ONU e cobrou NDCs mais ambiciosas, financiamento e transferência de tecnologia para países em desenvolvimento. Para ele, “a mudança do clima já não é ameaça do futuro, mas tragédia do presente”, citando desastres recentes no Brasil e no mundo.
De improviso, o presidente agradeceu ao povo paraense e convidou os participantes a conhecerem a cultura e a culinária local. Ele afirmou que trazer a COP para o “coração da Amazônia” foi decisivo para dar visibilidade aos 50 milhões de habitantes do bioma, incluindo 400 povos indígenas espalhados por nove países.
A COP30 segue até o dia 21, com a expectativa de avançar em pactos globais para acelerar a redução de emissões e ampliar esforços de adaptação diante do agravamento da crise climática.