Nos últimos 40 anos, a Amazônia brasileira perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa, equivalente a 13% do bioma e ao tamanho de países como a França. Entre 1985 e 2024, o avanço da pecuária, agricultura, silvicultura e mineração reduziu a cobertura florestal, trazendo o bioma cada vez mais perto do ponto de não retorno, estimado entre 20% e 25% de perda de floresta.
O MapBiomas destaca que a velocidade da conversão da cobertura do solo é preocupante. As pastagens passaram de 12,3 milhões de hectares para 56,1 milhões, enquanto a agricultura saltou de 180 mil para 7,9 milhões de hectares. A silvicultura e a mineração também tiveram crescimento expressivo, ocupando 352 mil e 444 mil hectares, respectivamente.
A soja se tornou a principal cultura agrícola na Amazônia, representando 74,4% da área cultivada com 5,9 milhões de hectares em 2024. Apesar da Moratória da Soja, 4,3 milhões de hectares foram cultivados após 2008, principalmente em áreas previamente convertidas, enquanto 769 mil hectares de floresta foram diretamente transformados em lavoura no período.
O desmatamento tem impactos claros sobre os recursos hídricos. Entre 1985 e 2024, as áreas alagáveis da Amazônia, como apicuns e mangues, recuaram 2,6 milhões de hectares, intensificando os efeitos das secas, especialmente na última década, que registrou oito dos dez anos mais secos do bioma.
A regeneração da vegetação, embora presente, ainda é limitada. Em 2024, apenas 2% da Amazônia correspondia a vegetação secundária em recuperação, totalizando 6,9 milhões de hectares. A maior parte do desmatamento recente ocorreu em áreas de floresta primária, enquanto a cobertura regenerada foi menos afetada.
Para conter a destruição, o governo federal adotou medidas como a criação da Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, o monitoramento em tempo real pelo Deter do Inpe e o apoio do Fundo Amazônia. Operações de fiscalização foram intensificadas, incluindo drones e helicópteros, com investimentos de R$318,5 milhões, visando zerar o desmatamento ilegal até 2030.