
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta quinta-feira (6), a Cúpula do Clima em Belém, conclamando os países a adotarem medidas efetivas para conter a elevação da temperatura global em até 1,5°C — compromisso firmado no Acordo de Paris, há uma década. Diante de chefes de Estado e representantes internacionais, Lula afirmou que o mundo vive um cenário de “insegurança e desconfiança mútua”, no qual interesses imediatos têm prevalecido sobre o bem comum.
O presidente destacou que 2024 marcou a primeira vez em que a temperatura média da Terra ultrapassou o limite de 1,5°C desde a era pré-industrial, alertando que a tendência pode se estender por décadas. Citando relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Lula lembrou que, sem ação, o planeta pode chegar a 2100 dois graus e meio mais quente, com perdas humanas e econômicas devastadoras. Por isso, classificou a COP30, marcada para novembro, como a “COP da verdade”.
Acelerada transição energética, combate ao desmatamento e proteção dos ecossistemas foram apontados por Lula como caminhos centrais para frear o aquecimento global. O presidente reforçou a necessidade de mobilização financeira internacional e defendeu que governos alinhem seus discursos à realidade vivida pelas populações, que já sofrem com secas, enchentes e eventos climáticos extremos.
Lula também chamou atenção para o princípio da justiça climática, afirmando que a crise ambiental está diretamente ligada à desigualdade social. Segundo ele, não será possível conter desastres climáticos sem enfrentar a fome, a pobreza e outras formas de exclusão. Em sua fala, o presidente ainda citou ensinamentos Yanomami sobre a responsabilidade humana na proteção da floresta e do planeta.
A Cúpula do Clima, que antecede as negociações formais da COP30, tem como objetivo reforçar compromissos multilaterais e dar peso político às decisões que serão debatidas ao longo das próximas semanas. O encontro ocorre no Brasil, país que sediou a Eco-92, marco histórico da agenda ambiental global.
Após a abertura, Lula recebeu lideranças mundiais para o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre e deve participar de uma série de plenárias e reuniões bilaterais, incluindo encontros com Emmanuel Macron e Keir Starmer.