Os agricultores de soja dos Estados Unidos estão cada vez mais preocupados com a concorrência do Brasil e da Argentina no mercado chinês, considerado o maior do mundo para o produto. Segundo associações do setor, as exportações norte-americanas praticamente não ocorreram desde o início da safra, em setembro.
A situação se agravou após a China suspender as compras de soja dos EUA em maio e impor, em abril, uma tarifa de 20% sobre o produto em retaliação às medidas comerciais adotadas pelo governo Trump. Entre junho e agosto, os Estados Unidos venderam quase nenhum grão para os chineses, enquanto o Brasil registrou recordes de exportação no mesmo período.
“A América do Sul passou a dominar o mercado e a substituir os produtores norte-americanos”, afirmou a Federação de Fazendeiros dos Estados Unidos (American Farm Bureau Federation), ressaltando que a Argentina também se tornou um competidor relevante.
A Associação Americana de Soja alertou o governo Trump sobre os riscos da disputa comercial, cobrando um acordo com a China e destacando que Brasil e Argentina estão atendendo à demanda chinesa que antes era dominada pelos EUA.
“As importações de soja da China não estão diminuindo; na verdade, atingiram níveis recordes. Mas a maior parte dessa demanda agora está sendo atendida por concorrentes”, disse a associação.
Em carta enviada um mês antes, a entidade já havia alertado que o setor estava “à beira de um precipício comercial e financeiro”, reforçando que a sobrevivência dos agricultores dependia de uma solução na relação comercial com seu maior cliente.
O cenário evidencia a crescente dependência do mercado chinês e a necessidade de estratégias para recuperar a competitividade norte-americana frente aos rivais sul-americanos.