
















Santa Catarina alcançou o maior PIB industrial per capita da América do Sul, superando todos os estados brasileiros e até países como a Argentina. Segundo o economista Paulo Gala, o desempenho é resultado direto da diversidade e da complexidade produtivas catarinenses, impulsionadas pela forte capacidade de inovação.
Durante apresentação na reunião de diretoria da FIESC, Gala destacou que Santa Catarina também possui a menor relação entre trabalhadores formais e beneficiários do Bolsa Família no país. Para ele, o modelo econômico do estado, baseado em uma indústria de transformação robusta, internacionalizada e focada em produtos de alto valor agregado, deveria servir de referência nacional.
Embora reconheça a importância dos programas de transferência de renda, o economista afirma que eles não podem sustentar, sozinhos, o desenvolvimento econômico. Ele lembrou que, nos últimos quatro anos, o crescimento do Brasil foi impulsionado principalmente por políticas assistenciais que somaram R$1,3 trilhão.
“É um impulso econômico gigante, mas que no longo prazo pressiona a inflação e não gera ganhos de renda e produtividade”, avaliou.
Paulo Gala destaca capacidade de inovação da indústria de SC (Foto: Filipe Scotti/Fiesc)Gala defende que o país seria mais eficiente se direcionasse parte desses recursos para atividades que promovem inovação e desenvolvimento econômico. Na prática, isso permitiria que a melhoria de renda viesse de salários maiores, sustentados por uma estrutura produtiva mais sofisticada e industrializada.
O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, afirmou que Santa Catarina mantém um dos maiores níveis de atividade econômica do Brasil, mesmo diante de uma desaceleração gradual. A diversidade produtiva, segundo ele, tem sido fundamental para amortecer impactos externos, como a queda nas vendas para os Estados Unidos.
Essa ampla base industrial também tem garantido bom desempenho nas exportações, que devem alcançar novo recorde em 2025. Até outubro deste ano, as vendas externas catarinenses cresceram 5,1%, mesmo com o chamado tarifaço aplicado por alguns parceiros comerciais.
“Conseguimos ampliar nossa presença em mercados já consolidados e abrimos novos destinos, principalmente nos segmentos que lideram nossa pauta exportadora”, explicou Bittencourt.
Para 2026, a expectativa é de retomada de setores importantes para a geração de empregos em Santa Catarina, impulsionada pelo provável recuo da taxa de juros. O economista pondera, porém, que a partir do segundo semestre pode haver nova desaceleração, devido ao aumento da renda disponível — influenciada pela ampliação da faixa isenta do Imposto de Renda — e pelo crédito mais barato, fatores que podem elevar o endividamento das famílias.