Santa Catarina tem 4º maior aumento na taxa de homicídios de mulheres no Brasil, aponta Atlas da Violência
Com crescimento de 12% nos assassinatos femininos, o estado contraria tendência nacional de queda e acende alerta para violência doméstica e de gênero

O Atlas da Violência 2024 revelou que Santa Catarina teve o 4º maior crescimento na taxa de homicídios de mulheres entre 2022 e 2023, com um aumento de 12%. Enquanto a taxa geral de homicídios no Brasil recuou ligeiramente, de 21,7 para 21,2 por 100 mil habitantes, os assassinatos de mulheres seguem em um patamar crítico, com a taxa feminina estagnada em 3,5 por 100 mil pelo terceiro ano consecutivo.
No total, o país registrou 3.903 mulheres assassinadas em 2023, um aumento de 2,5% em relação a 2022. Em Santa Catarina, o crescimento chama atenção principalmente por ocorrer em um estado que tradicionalmente apresenta indicadores sociais elevados.
O avanço da violência contra mulheres acompanha também o aumento de 22,7% nos casos de violência doméstica em nível nacional, foram mais de 177 mil registros em 2023, sendo que 8 em cada 10 casos ocorreram dentro da casa da vítima.
A região amazônica segue com as maiores taxas de homicídios femininos do país, com Roraima no topo (10,4 por 100 mil), seguido por Amazonas e Rondônia. No entanto, quando se observa o crescimento percentual, Santa Catarina aparece atrás apenas do Rio de Janeiro (28,6%), Pernambuco (26,7%) e Distrito Federal (22,7%).
Além da violência contra mulheres adultas, o Atlas também destaca a escalada de agressões contra crianças e adolescentes. O número de notificações saltou 36,2% em apenas um ano, com predominância de negligência nas faixas etárias de 0 a 9 anos e violência sexual entre meninas de 10 a 14.
Os dados evidenciam ainda que a violência tem cor e orientação sexual: 77% das vítimas de homicídio em 2023 eram negras. Pessoas negras têm 2,7 vezes mais chances de serem assassinadas que pessoas com outras tonalidades de pele.