Ministro do STF entra na mira do governo Trump e tem vistos revogados
Anúncio feito por Marco Rubio cita “perseguição política” e “censura” atribuídas a Alexandre de Moraes

Washington e Brasília vivem mais um momento de tensão diplomática. Nesta sexta-feira (18), Marco Rubio, secretário de Estado no governo de Donald Trump, anunciou a revogação dos vistos americanos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de seus familiares imediatos e de supostos “aliados” no tribunal.
O comunicado foi publicado por Rubio em sua conta na rede social X (antigo Twitter), onde o secretário afirma que a medida é uma resposta àquilo que chamou de "caça às bruxas política" promovida por Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump. Segundo Rubio, o comportamento do ministro “viola direitos básicos dos brasileiros e atinge cidadãos americanos”.
“O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”, escreveu o secretário.
“Ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”, completou.
A publicação, porém, não detalha quem seriam os “aliados” de Moraes mencionados na medida.
A decisão ocorre horas após o próprio ministro Alexandre de Moraes determinar o uso de tornozeleira eletrônica por Jair Bolsonaro, que passou a ser investigado por coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e atentado à soberania nacional. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou risco concreto de fuga do ex-presidente.
Embora muitos bolsonaristas pressionem há meses pela aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, a revogação dos vistos não se enquadra formalmente nesse dispositivo jurídico.
Aprovada em 2012 pelo Congresso dos EUA, a Lei Magnitsky permite a imposição de duras sanções contra estrangeiros acusados de violar direitos humanos — como congelamento de bens, proibição de abertura de contas e uso de cartões de crédito em instituições ligadas ao sistema financeiro americano.
A lei foi batizada em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, morto em 2009 após denunciar um esquema de corrupção em seu país.