Haddad sinaliza alternativa ao IOF e aposta em solução estrutural para equilíbrio fiscal
Ministro diz que diálogo com Congresso abriu caminho para medidas duradouras, evitando aumentos pontuais de impostos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (02) que a equipe econômica se sente "muito confortável" após conversas no fim de semana com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre.
Segundo ele, o entendimento conjunto abre caminho para antecipar alternativas estruturais ao aumento do IOF, criticado por investidores e pelo mercado. A prioridade agora é encontrar soluções duradouras que garantam o cumprimento das metas fiscais não apenas em 2025, mas nos próximos anos.
A elevação do IOF sobre crédito, câmbio e previdência privada visava arrecadar R$20,5 bilhões, mas o recuo parcial no decreto reduziu essa estimativa para R$19,1 bilhões. Para compensar a diferença, o governo anunciou o resgate de R$1,4 bilhão de dois fundos federais. Mesmo assim, Haddad destacou que prefere evitar medidas paliativas e apostar em reformas estruturais que possam ser sustentadas por diferentes governos.
Durante as conversas com os líderes do Congresso, Haddad disse ter percebido “acolhimento” às propostas da equipe econômica. Ele ressaltou que o Executivo e o Legislativo estão alinhados na busca por soluções sólidas antes da viagem do presidente Lula à França.
“Sabemos o que precisa ser feito, agora falta a decisão política”, declarou.
Haddad também destacou a importância da transparência fiscal e prometeu ampliar o acesso público às informações sobre benefícios tributários, que somam cerca de R$800 bilhões. O objetivo é combater distorções e isenções injustificadas sem recorrer sistematicamente a decretos. “Se ficarmos de decreto em decreto, não apontamos um horizonte sustentável”, alertou.
Por fim, o ministro enfatizou que a capacidade de iniciativa do governo influencia diretamente a confiança das agências de classificação de risco. Para Haddad, é hora de avançar em reformas que deem previsibilidade e credibilidade à política fiscal brasileira.
“Se o país para de enfrentar os temas estruturais, as agências param também”, afirmou.