Rádio Centro Oeste

Crédito caro e inflação afetam mercado de eletroeletrônicos no Brasil

Destaque para queda de 6% na linha de portáteis, que lidera o mercado

Felipe Eduardo
Por Felipe Eduardo
24/06/2025, 19:40
Atualizado há 1 dia
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Expectativa da indústria eletroeletrônica é retração neste semestre (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)Expectativa da indústria eletroeletrônica é retração neste semestre (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A indústria de eletroeletrônicos brasileira inicia 2025 com sinal de alerta. De acordo com projeções divulgadas pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), o setor deve registrar uma queda de 1% nas vendas no primeiro semestre em comparação ao mesmo período de 2024. A retração é atribuída à piora das condições de crédito, aumento da inflação e ao cenário econômico instável que afeta diretamente o consumo das famílias.

O levantamento da associação revela redução nas vendas em três principais segmentos: Linha Marrom (televisores e equipamentos de áudio), Linha Branca (geladeiras, máquinas de lavar e fogões) e Linha Portátil. Este último, responsável por 66% do volume de vendas da indústria, apresentou a maior queda: 6%. Entre os produtos mais afetados estão fritadeiras elétricas, ventiladores e aspiradores automáticos, itens de menor valor agregado e com alta representatividade no varejo.

Apesar do panorama geral negativo, houve uma leve alta de 1% nas vendas de aparelhos de ar-condicionado e produtos da Linha TIC (como monitores, lâmpadas inteligentes e dispositivos conectados), demonstrando resiliência em nichos específicos.

Em nota, a Eletros destacou que “fatores combinados restringem e encarecem o crédito, pressionam o orçamento das famílias e geram insegurança, levando o consumidor a priorizar despesas essenciais, como alimentos e remédios, e a adiar compras de bens duráveis como os eletroeletrônicos”.

A associação pondera que, embora 2024 tenha apresentado os melhores números da década, esse desempenho foi impulsionado por importações de produtos mais baratos — justamente da Linha Portátil — o que aumenta o impacto da retração em 2025. A previsão é que esse segmento feche o ano com uma redução de 4% nas vendas.

Um dos focos de esperança da indústria está na continuidade do bom desempenho do setor de ar-condicionado, em crescimento desde 2021. No entanto, a Eletros alerta para entraves na produção, especialmente devido à dependência de um único fabricante nacional de compressores.

A limitação de capacidade tem provocado insegurança no abastecimento, levando empresas a reduzirem a fabricação de aparelhos. O setor agora busca flexibilização das regras de importação desses componentes para contornar o gargalo e manter os benefícios fiscais em vigor.

Apesar das dificuldades no primeiro semestre, a Eletros aposta em uma recuperação gradual a partir de eventos sazonais como a Black Friday e o Natal. No entanto, faz um alerta: “Se considerarmos a manutenção dos juros em patamares recordes, a volatilidade cambial e a insegurança econômica, as vendas continuarão caindo”.

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