Rádio Centro Oeste

Com juros altos, nível de inadimplência cresce no Brasil

30,2% das famílias brasileiras estão com contas em atraso; mulheres e famílias de baixa renda são as mais afetadas

Felipe Eduardo
Por Felipe Eduardo
07/08/2025, 19:01
Atualizado há cerca de 14 horas
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Inadimplência cresce e atinge maior patamar em quase dois anos (Foto: Reprodução/Internet)Inadimplência cresce e atinge maior patamar em quase dois anos (Foto: Reprodução/Internet)

A combinação de juros altos e renda apertada voltou a pressionar o bolso do consumidor brasileiro. Dados divulgados nesta quinta-feira (07) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam que a inadimplência das famílias atingiu 30,2% em julho, o maior patamar desde setembro de 2023.

O crescimento de 0,5 ponto percentual no número de famílias com contas em atraso em relação a junho acompanha um outro dado preocupante, mais brasileiros têm declarado que não conseguem mais pagar suas dívidas. No mês passado, 12,7% das famílias endividadas disseram não ter condições de quitar os débitos, percentual que não era tão alto desde dezembro de 2024, segundo a CNC.

A pesquisa, conhecida como Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), aponta que a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 15% ao ano, tem um papel central nessa escalada. O custo do crédito elevado limita a capacidade de pagamento e dificulta a negociação de dívidas.

Embora o índice de endividamento geral tenha permanecido praticamente estável (78,5%), a pesquisa mostrou mudanças na composição das dívidas. As de longo prazo, com vencimento superior a um ano, vêm caindo pelo sétimo mês consecutivo e agora somam 31,5% do total. Já os compromissos de curto prazo avançam, indicando que mais famílias estão contraindo dívidas com vencimento imediato, o que agrava a pressão sobre o orçamento mensal.

Entre os meios de endividamento, o cartão de crédito continua sendo o principal vilão. Ele segue como o recurso mais utilizado pelas famílias, seguido pelos carnês, que continuam ganhando espaço, principalmente entre consumidores de menor renda.

A pesquisa ainda mostra que a crise afeta de forma mais intensa as mulheres e as famílias de renda baixa e média, que têm enfrentado maiores dificuldades para manter as contas em dia.

É importante destacar a diferença entre endividamento e inadimplência. Uma pessoa endividada é aquela que possui dívidas, mas que pode estar mantendo os pagamentos em dia. Já o inadimplente é quem atrasa ou não consegue quitar esses compromissos financeiros no prazo.

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