Rádio Centro Oeste

Montadoras pressionam Lula contra pleito da BYD por alívio tributário

Empresa chinesa diz que rivais temem a concorrência e defendem modelo ultrapassado

Felipe Eduardo
Por Felipe Eduardo
30/07/2025, 17:16
Atualizado há 1 dia
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Montadoras tentam influenciar governo em disputa por mercado no Brasil (Foto: Agência Brasil)Montadoras tentam influenciar governo em disputa por mercado no Brasil (Foto: Agência Brasil)

Uma disputa intensa pelo futuro do mercado automotivo brasileiro está em curso, colocando frente a frente a fabricante chinesa BYD e as tradicionais montadoras Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis. O embate gira em torno de uma solicitação feita pela BYD ao governo federal para reduzir, temporariamente, a tarifa de importação de veículos desmontados (conhecidos como CKD) de modelos elétricos ou híbridos, algo que as rivais veem como uma ameaça direta à cadeia produtiva nacional.

Nesta semana, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as principais montadoras com atuação no país, divulgou uma carta enviada em junho ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, as empresas alertam que a eventual concessão do pleito da BYD colocaria em risco cerca de R$180 bilhões em investimentos já previstos para os próximos anos, além de ameaçar empregos e o desenvolvimento industrial brasileiro.

“Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes de peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer”, afirma o texto divulgado pelo presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom.

De outro lado, a BYD reagiu com críticas contundentes à manifestação da Anfavea. Em nota enviada à Agência Brasil, a montadora chinesa classificou a reação das concorrentes como um retrocesso.

“É uma espécie de chantagem emocional com verniz corporativo, repetida há décadas pelos barões da indústria para proteger um modelo de negócio que deixou o consumidor brasileiro como último da fila da modernidade”, provocou a empresa.

A BYD argumenta que a solicitação de redução temporária de impostos faz sentido, pois não é justo aplicar a mesma tarifa sobre veículos completamente montados importados e sobre aqueles que ainda serão finalizados em território nacional. A empresa também rebateu as acusações de prática desleal.

“Agora, chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam”, disparou.

7.292 carros elétricos da BYD cehgou em SC em maio (Foto: Patrick Rodrigues/NSC)

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