Cooperativas de crédito crescem em 2024 e ganham protagonismo onde os bancos recuam
Hoje, 58% dos municípios brasileiros já tem a presença de uma cooperativa de crédito

Num cenário ainda desafiador da economia brasileira, as cooperativas de crédito seguem avançando com vigor. Mais do que resistir, elas se expandem — territorialmente, financeiramente e em representatividade social. Os dados do Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), divulgado pelo Banco Central, confirmam: em 2024, o cooperativismo financeiro consolidou-se como uma das principais alternativas ao modelo bancário tradicional, especialmente para micro, pequenas empresas e áreas historicamente desassistidas.
Ao fim do ano passado, o número de cooperados chegou a 19,2 milhões, sendo 16,2 milhões de pessoas físicas e 3 milhões jurídicas. O avanço foi sentido em todas as regiões, com destaque para o crescimento nas regiões Norte (19% nas PFs) e Nordeste (18,3% nas PJs) — dois territórios onde o sistema bancário tem menor presença.
A rede de atendimento também cresceu. Hoje, 58% dos municípios brasileiros contam com pelo menos uma unidade física de cooperativa de crédito, totalizando 3.229 cidades atendidas. E mais: em 469 municípios brasileiros, as cooperativas já são a única alternativa presencial para acesso a serviços financeiros, um salto de 27% em relação a 2023. Enquanto 157 cidades perderam agências bancárias no último ano, 51 passaram a ser atendidas exclusivamente por cooperativas — invertendo a lógica da exclusão bancária.
Do ponto de vista financeiro, o desempenho foi igualmente expressivo. Os ativos totais do SNCC atingiram R$ 885 bilhões, com crescimento de 21,1%, acima da média do sistema financeiro nacional. As operações de crédito somaram R$ 529,7 bilhões e as captações cresceram 21,7%, alcançando R$ 708 bilhões — números que evidenciam a solidez e a confiança do público no modelo cooperativo.
Gráfico apresenta os percentuais de população que participam do sistema cooperativo
Ainda assim, a representatividade regional é desigual. A Região Sul lidera com 47,2% dos cooperados pessoas físicas e 39,1% das jurídicas. O Sudeste aparece na sequência, com 30,5% e 36,4%, respectivamente. Esse cenário, porém, começa a mudar à medida que o cooperativismo rompe barreiras históricas e chega com força às periferias do sistema financeiro.
Outro dado revelador: 7,6% da população brasileira já está associada a pelo menos uma cooperativa de crédito — proporção que cresce ano a ano e que reforça o papel do setor na democratização do acesso ao crédito, à poupança e aos serviços financeiros em geral.
Apesar do ritmo um pouco mais lento na expansão física, foram criadas 422 novas unidades de atendimento (PACs) em 2024, elevando o total para 10.220 pontos de atendimento no país. Um crescimento moderado (4,1%), mas estratégico, com foco em capilaridade e cobertura de áreas carentes.