Infraestrutura brasileira seguirá nas mãos da iniciativa privada, projeta CNI
Estudo projeta que capital privado responderá por mais de 72% dos aportes no setor

A participação do setor privado deve continuar sendo o principal motor dos investimentos em infraestrutura no Brasil. Um estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado na sexta-feira (13), projeta que até o fim de 2025 os investimentos privados representarão 72,2% do total aportado no setor, com destaque para os segmentos de energia, transportes e saneamento. A estimativa é que o país receba R$277,9 bilhões em investimentos em infraestrutura neste ano.
Os dados, encomendados pela CNI à Inter B Consultoria, revelam uma tendência consistente, desde 2019, o capital privado é responsável por mais de 70% dos recursos destinados à infraestrutura e logística no país. Em 2024, dos R$266,8 bilhões investidos, 70,5% vieram da iniciativa privada.
Apesar do avanço, o estudo aponta que o Brasil ainda enfrenta sérias deficiências que limitam seu potencial competitivo no cenário global. Entre os principais entraves estão a complexidade regulatória, a morosidade nos processos de licenciamento ambiental e o nível insuficiente de investimentos públicos.
“O crescimento dos investimentos públicos e privados é, sem dúvida, uma etapa importante para promover a adequação da infraestrutura no país, mas não é suficiente”, alertou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Segundo ele, um dos principais gargalos continua sendo o ambiente de negócios, afetado por juros altos e crédito caro. “São dois dos maiores problemas do Custo Brasil, que freiam nossa capacidade de modernizar a infraestrutura”, afirmou.
Em 2024, o total de investimentos em infraestrutura correspondeu a 2,27% do Produto Interno Bruto (PIB), um leve aumento de 0,24 ponto percentual em relação ao início do quadriênio 2021-2024. Para 2025, a projeção é de 2,21% do PIB, com expectativa de avanços em saneamento básico e transportes, além de pequenas altas nos setores de telecomunicações e energia elétrica.
No ano passado, os principais aportes foram registrados em energia elétrica (R$112,8 bilhões), transportes (R$84,6 bilhões), saneamento básico (R$41,1 bilhões) e telecomunicações (R$28,3 bilhões).
Para Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI, o desafio central é ampliar a mobilização de recursos privados, mas também melhorar a governança dos investimentos públicos.
“O crescimento da participação privada precisa estar ancorado num ambiente de negócios com estabilidade macroeconômica, menores barreiras setoriais e custos de transação reduzidos. Isso garante mais competição e mobilidade no mercado de infraestrutura”, concluiu.